Viajamos por diferentes eras do Terceiro reino. Bom...Terceiro reino para os membros mais antigos da alvorada, pra mim foi o primeiro. Sem magia, muito cheiro de merda de cabra, uma voz completamente aguda (como se tivessem torcido um testículo com um alicate) e pessoas com perversidades insanas (duquesa que o diga hehehe).
Tivemos que fazer trabalhos escusos. Infiltrar em castelos dos cruzados, cobrar dinheiro de agiotas (não foi bem dinheiro que obtivemos, mas deu pra usar e escapar hehehe), se pendurar em janelas, encher meu belo moicano com vidro... odeio quando algo prejudica meu maravilhoso moicano) bater com o martelo na perna de um cavaleiro (sim era o máximo que dava pra fazer, o Arslan conseguiu distrair o safado. Escapamos com ele carregando um bebê anão com um moicano feito com gel do Vivaldi, de 57kg, enrolado em roupas femininas e um falsete de fazer inveja a qualquer bardo meia boca por aí.
Em nossa jornada, fomos pegos por uns homens que tinham um símbolo esquisito: Uma cruz com braços; Eles tinham armas a distância formidáveis (utilizam pólvora certamente).
Encontramos um homem velho, bêbado e decadente que dizia que poderia nos levar até a Ucrânia em sua máquina voadora. Certamente metade da nossa viagem foi adiantada, devidamente ao amplo uso do piloto de duas bebidas poderosas. A segunda tão poderosa que apagou um dos seres mais poderosos dos reinos. O mago Baldur. ABSINTO.
Uma pena não ter pego um pouco daquela bebida, pois o piloto ficou com medinho de uma tempestade e pulou no mar. Em uma manobra de desespero, segurei o leme daquele monstro. Esperando que poderíamos seguir pelo caminho indicado pelo Baldur, ainda bêbado.
O avião atravessou o portal e avançamos alguns anos daquele estranho reino. Com mãos para o alto e sem magia alguma, Swan foi negociar com os tais dos Russos. Eles acreditaram na história contada por Swan e confirmada por nós.
Em seguida, subimos nos "carros". E nos levaram a uma praça ampla, com soldados uniformizados e uma estrela de 5 pontas domina a praça. Há uma imagem de um homem sisudo, com cabelos grisalhos, quepe, um bigode amplo e vasto e olhar firme de poucos amigos.
Fomos conduzidos a um prédio onde fomos recebidos como agentes russos. Surpreendentemente, o homem do cartaz da praça, presidia a reunião. Ele deveria ser o chefe dos Russos. Acredito que o nome dito pelo arauto foi "Stalin".
Fomos enviados para um hotel. Misteriosamente no meio da noite, homens bateram nas portas e solicitaram a nossa presença.
Pra variar uma fuga inusitada e nada discreta da alvorada. Eram os ingleses, disseram que vieram nos resgatar. Corremos, atiramos e entramos em mais um avião. Escapamos dos russos, mas os chucrutes apareceram com seus aviões estridentes. Corremos para as torretas e disparamos. Matamos um esquadrão daqueles inúteis.
O casco surpreendentemente estava aguentando, mago Baldur foi baleado, mas ainda assim, criou um portal que nos levou para léguas dali. Estávamos sobrevoando Londres. Saltamos todos de paraquedas (outra invenção maravilhosa heheh).
Os soldados ingleses chegaram. Fomos recebidos como heróis. Mago Baldur, o anão Baldur estavam feridos. Pra não dizer que sou inocente, fingi um tiro no joelho para conhecer uma das adoráveis enfermeiras. Mary, seus olhos intensos como a tempestade jamais serão esquecidos. Seu marido é um homem de sorte.
Encontramos com os dois chefes. Um sujeito mais gordo, careca e com um charuto. Churchill. E o outro um pouco mais magro, com óculos e um nariz esquisito, Truman.
Todos os líderes Stalin, Churchill e Truman estavam buscando as ondas eletromagnéticas emitidas pelos portais. Truman disse que Baldur seria estudado pelos seus cientistas. Protestamos contra esse aprisionamento, contra essa transferência autoritária. Em vão. Baldur morreria como um rato preso na gaiola.
Precisávamos salvar Baldur por 3 motivos: 1. DORWEN. A poderosa rainha descontaram sua fúria em todos que não tentassem salva-lo. (Óbvio, pelo tanto que o Atom tem medo de sua esposa e o tanto de porrada que ela deu no Fidem, após sairmos da prisão de Hades, deixam esse temor. Apesar disso, tudo, Dorwen é uma boa pessoa). 2. O sofrimento do Baldur e a nossa provável prisão nesse mundo estranho.
Questionamos o oficial inglês. Ele nos conduziu até o aeroporto. Optamos pela infiltra
Finalmente saímos daquele reino estranho. Resgatamos o mago Baldur daquele "avião". É uma espécie de engenhoca voadora, que faz um barulho gigantesco mas tem uns armamentos, que talvez os melhores artífices de Forja do Céu saibam replicar. Nota mental para encontrá-los.
Além de Baldur, tinha um outro ser de Namar ali. Um elfo. Vários objetos de Namar. Peguei uma espada élfica. (Apesar de ser élfico, parece um trabalho interessante e bem feito. Estou entusiasmado para usar essa belezinha em batalha heheheh.)
E o motivo de número 3?
Bem... eu só quero ver o mago Baldur destroçar o Merlin. Assistindo de camarote e bebendo uns bons drinks a base de Absinto.
PS. se possível também, arrebentar o crânio daquele ser maligno.
Diário de Tarful #6 - o infinito de vossa fé
Chegamos em Rindalun após uma viagem rápida e alguns comentários inoportunos e indecorosos do príncipe. Algo sobre ordem caída e Deuses mortos. Além disso, de acordo com a lenda, Lurcron estava preso. Confesso que as calmarias do mar aberto me inspiraram a manter a serenidade naquela situação.
Conhecemos alguns membros ilustres, verdadeiros cerebros de Rindalun. O filho de Mago Baldur, Vazun, Magi-arquiologista, e o mago Vladmir.
Vazun era inteligente, curioso, polido, gentil, educado e extremamente engenhoso. O rapaz parece uma biblioteca viva e conhece muito sobre culturas antigas, relíquias e itens mágicos. Disse que em suas escavações encontrou parte de uma antiga tabuleta, que ele era incapaz de traduzir. E que por sorte, bastava procurar o melhor tradutor, em Arcanaris: O mago Vladimir.
Vladmir estava em sua sala, vociferava contra a ignorância persistente de seus inábeis estudantes. A frase quando Dorwen abriu a porta foi "se for mais alguém querendo traduzir alguma coisa, vai pro meio inferno". Olhei Zora de soslaio e engoli seco, pois a ideia era traduzir aqueles escritos de Lurcron.
O velho parecia sábio, mas farto de tanto aluno encostado e vagabundo. É um tanto direto, ríspido e rabugento. Ele auxiliou a traduzir os elementos de uma velha placa que continha inscrições em aquático antigo, tritão da segunda era. Idioma esse que já ouvi falar, mas nunca estudei.
Ele traduziu as frases, de forma brilhante e precisa, porém a tabuleta não estava completa:
"Uma derrota deve acontecer, uma decepção nunca pode acontecer em um cemitério de uma era terrena".
"Ela não desovar em ruínas abandonadas enquanto as folhas estão girando."
Em seguida, perguntou se era só aquilo e que se fosse, já poderia ir andando. Respirei fundo, agradeci e pedi orientações a Dorwen sobre o caminho para a Floresta de Rindalun. Ao sair, pude notar alguma conversa sobre magia para infiltração, portal. Talvez um resgate? Será que estariam planejando um resgate de Mago Baldur? Soube que Dorwen é uma excelente infiltradora.
Seguimos na direção da floresta, conversando sobre as nossas esperanças, sobre a profecia, sobre a era da Ruína, nosso papel nisso tudo. Apesar de tudo o que sabia, em minha jornada nesses últimos anos, a probabilidade da ordem ser mais do que eu e Zora já era excelente. Mas também ao longo dos anos, aprendi a não criar falsas esperanças. Apesar de uma pequena calmaria ser a esperança de um dia calmo, a tempestade pode apenas ter dado uma trégua, um alívio. Pois ela virá mais forte e implacável.
Zora é um clérigo espirituoso, parceiro, preciso e possui amplos conhecimentos sobre a ordem e sobre a nossa vida antes das destruições. Antes das ruínas. Apesar de sua memória estar petrificada por conta dos 10 anos que ficou sob domínio de Nyarlathotep, é honrado, generoso e inteligente.
Caminhamos em busca de um rio, pois aumentaria fortemente a possibilidade de encontrar assentamentos e ou o templo provisório da Floresta.
Cada passo em direção ao som da água, me enchia de uma esperança que a anos não sentia. Que há anos foi soterrada para meu próprio bem, como um clérigo eremita de uma ordem destruída, fragmentada e em frangalhos após misteriosas destruições e assassinatos.
O meu mosteiro não foi o único. E ao longo do tempo, toda a ordem estava vinculada a mim. É solitário e terrível, pois todo o incomensurável poder de Lurcron, jaz numa gota de fé, da minha fé. Toda a vida não seria tempo demais para viver sob seu poder e glória.
Fomos abordados por dois soldados de Rindalun. Eles patrulhavam a floresta em busca de cavaleiros arcanos, mas tudo que encontraram foram dois clérigos munidos de expectativa.
Avançamos por mais algum tempo. Escoltados pelos guardas que comentaram um pouco sobre a invasão dos cavaleiros, a maldição da floresta e a inexistência de um templo, ou pelo menos o desconhecimento mútuo deles.
Após algumas horas desde o início da Floresta. Encontramos uma construção antiga, improvisada. Um muro carcomido pelos musgos que cresciam nas entranhas rochosas. Aquele local decadente parecia estranho.
Fizemos o óbvio, batemos na porta. Ela estava completamente trancada. E se antes da batida o silêncio já era profundo, após ficou misterioso. E mais inquietante era saber que nenhum dos guardas parecia conhecer aquele lugar.
Eles me auxiliaram a subir. Cheguei ao passadiço do muro. Sobre o portão tinha um leve telhado de madeira podre. Antes de descer pelo muro, percebi que a névoa se agigantava fortemente acima da minha cabeça. Desci pela parte interna. Levantei a madeira e destranquei a porta.
Meu coração pulsava mais do que a bigorna da Forja da Tempestade, nos áureos tempos em que Lurcron forjou suas armas e protegeu seus mares.
Caminhando mais um pouco, avistamos o cadáver seco e abandonado de um monge. Suas vestes eram velhas e apodrecida pelo tempo. Trazia o símbolo sagrado de Lurcron. Ele tinha um bilhete em suas vestes, que dizia:
"14 abril de 1331 -
Recebemos vários ataques de seres que estavam vindo da floresta. Trabalhamos na construção de um abrigo, mas desde quando abrigo estava pronto, foi difícil proteger todo mundo. Nos organizamos e fizemos mudanças, adaptações para a permanência desse templo provisório."
Este merece um enterro digno no mar. Isso era muito estranho. Não vimos movimento algum, por ali. Guardei aquele bilhete. Mas haviam 3 prédios. Um deles completamente destruído, um trancado e um com a porta encostada.
Seguimos para o prédio com a porta encostada. Fui a frente com o escudo erguido, caso encontrasse algum mal.
Ao entrar, aquele cenário era um templo improvisado. Um imponente kraken olhava aqueles que entrassem na sala. Bancos enfileirados vazios e um altar com um cadáver agonizante e seco, preso a ele. Trazia vestes, livro e símbolo da ordem.
Preso em sua mão havia um bilhete. Parecia que suas últimas forças foram gastas para conservar aquele bilhete, mesmo após a morte. O bilhete dizia:
"Seres cresceram em grande número, na floresta. Eles nos atacaram. Devemos proteger aqueles que amamos, devemos proteger os fracos, os indefesos, os famintos e todos os devotos do mar. Devemos proteger cada gota de tempestade que nos foi confiada. Devemos segurar as criaturas o tanto de tempo necessário para que possamos conduzir as pessoas do túnel, até a torre que foi construída no pináculo sobre as ondas. O túnel conduze por alguns metros num corredor e no final há uma escada. Devemos proteger todos eles. As criaturas avançaram, com ousadia e seus olhos amaldiçoados. Trazem a morte dolorosa em seus espíritos. Suas caras são escuras, sombrias e negras. Possuem corpos e rostos esqueléticos. Escoltei tantos quantos pude. Mas esses malditos parecem não cansar e nem se abater, vigorosos como uma tempestade de ossos. Meu pensamento está para o altar e a figura de Nosso Senhor. Corri até aqui. Na minha falta de velocidade, um deles me acertou com algo perfurante nas costas. Espero repousar nas ondas quentes de Lurcron."
As letras no início eram vivas e precisas. Depois que o monge foi atingido, ficou rápida e um tanto confusa. Que o pobre homem repouse sob as ondas quentes do Senhor Lurcron. Também guardei aquele bilhete comigo.
Observei aquela cena deplorável. Zóra incrédulo e desolado. Era incompreensível aquela dor e sofrimento. Eu tinha que resistir. Deveria ser a fortaleza, vestir minha armadura da fé como sempre fui. Forte, intransponível e impenetrável. Ou pelo menos devo utilizar essa armadura vergastada, amassada e enferrujada, pois sempre que a usei, senti que palavra de nenhum estrangeiro, ação de nenhum iconoclasta ou mesmo o olhar de desaprovação dos incrédulos poderiam me atingir. Mas a solidão fazia seu serviço sujo, como uma cidade sob cerco que é envenenada com cadáveres em putrefação. Mais do que nunca, preciso resistir. Serei fortaleza, o tanto quanto o tempo permitir, pois sentir aquele pesar deve ser secreto. Deve ser indizível, especialmente pois Zora, ficou tanto tempo nas trevas, que talvez não saiba como esse mundo é cruel para aqueles que perdem seus irmãos. Talvez nunca teve que vestir essa mesma armadura e erguer sua fortaleza.
-Vamos achar o tal do Túnel. Seguir até a torre. É possível que alguém tenha sobrevivido. - segurando as lágrimas, falei firmemente. Menti. Menti para ele e para mim. Não ousaria admitir que o pior rondava meu coração, que a escuridão também tivesse tomado esse lugar.
Erguemo-nos. Saímos e encostamos a porta do templo. Os guardas nos informaram de uma porta no edifício que estava destruído. Olhei para Zóra e nos encaminhamos para ali. Pedi que eles tentassem abrir a porta trancada.
Conseguimos abrir a porta. Descemos a escada e estava uma escuridão profunda ali. Um corredor simples avançava até uma antessala circular. Ali tinha um clérigo em pé, em pose de defesa. Como se acabasse de trancar a porta atrás de si. E lutasse contra algo que tivesse feito o caminho que eu e Zora fazíamos agora. Sempre atento a movimentações estranhas, fomos nos aproximando daquela cena e cada vez mais um terror se agigantava em meu peito.
O monge não tinha nada escrito e estava parado em pé. Trazia seu símbolo sagrado na mão. Examinei-o para saber se tinha alguma identificação ou o local de onde esse clérigo veio.
Imediatamente, me desgarrei do tempo e assistia aos momentos que antecederam a abertura do túnel da torre, o abrigo das pessoas e a defesa do monge.
Ele dizia em estado de absoluta certeza. Em estado de força que somente homem de Lurcron possui.
- Lurcron, meu senhor!!! Sei que não sou digno de todos os seus dons e espero que me perdoe pelo meu pecado!! Vi a vossa ferocidade lá e nunca foi minha intenção manchar a tua ordem e os teus ensinamentos. Tentei proteger esses homens, o tanto quanto essa floresta maldita me permitiu. Protegerei meu povo, custe o que custar. Que guie a mim, para que a sua glória ecoe pelas ondas e nunca desapareça da eternidade. Os demônios não passarão. Se eu tiver que partir, que eu morra com a honra e paz. Jamais desistirei!!
O homem ergueu o braço esquerdo, a medida que sintonizava a tempestade dentro de si. A medida que ouvia o marular sagrado do sal que lhe corria nas veias. Em sua mão, ergueu o símbolo sagrado e iluminou a área próxima a si. E bradou heroicamente, enquanto o corredor despejava o terror escuro.
-Lurcron me proteja!! - o homem conjurou magias sagradas e luzes santas, mas parecia que seu poder não se equiparada. Era esfaqueado pelas sombras e não titubeou por um segundo. Em contrição e concentrado, manteve-se fiel aos mares e aqueles que passaram pelo túnel. Seu corpo era dilacerado lentamente por inúmeros golpes. Encheu-se de devoção, fé, honra e lágrimas. Respirou fundo e disse para si mesmo - Eu estou indo para os mares!! Que o senhor saiba que combati até o final e que se for possível, que minha lágrima ache o caminho para o mar. Que meu sal carregue minha alma até as orcas. Repousarei em seus salões, meu senhor.
Eu retornei para meu tempo, sem fôlego e incrédulo. Ele expiou. Ele agonizou. Ele morreu. Ele foi um herói. Que fique em paz guerreiro. Combateste o bom combate e tua fé lavou tua alma. Está junto do Senhor. Guardei o símbolo do sacerdote comigo.
- Vamos abrir esse túnel, Zora.
Levamos luz para o outro lado. Haviam vários cadáveres até a entrada da torre, no final do corredor.
- Por que? Por que descobrimos essa informação? Por que viemos para cá? Eles morreram antes que qualquer um pudesse tê-los encontrado, Tarful. Qual é o nosso propósito? Qual o próximo passo? - Zora estava agonizando, incrédulo e sem chão. Seus pés o traíram e suas lágrimas molharam o chão de pedra.
-Eu lamento por tudo isso. Que essas pobres almas descansem, que achem a sua paz sob as ondas. - arremessei um pouco de água sagrada de modo a alcançar todos os cadáveres. - Zora, não sei qual é o propósito de tudo isso. Não tenho palavras para consolar a tua dor, pois ela também é a minha. Acho que tudo que nos resta agora é rezar. Rezar para que todos tenham a sua paz e que se nos for permitido encontrar alguém.
Me ajoelhei ao seu lado. Despencando como se todo o peso das montanhas me caísse sobre os ombros. Já não conseguia disfarçar as lágrimas. Certa vez me disseram, que as lágrimas são partes do oceano. E que chorar é uma forma de nos consagrar a Lurcron, de reavivar os laços, de sacralizar nossos votos e relembrar da nossa tarefa. Iniciamos a oração:
-"Não temais as tempestades, pois vós sois a minha tempestade!
Os trovões que correm nas minhas veias, são os raios que formam a fibra de vossos braços!
Nevasca nenhuma barrará vossas trilhas, pois o friúme polar de vossos espíritos é imparável.
O mar jamais secará, pois sua ferocidade jaz em seus corpos para toda eternidade.
Pois minha força será a tua força!
Cada oceano será vosso, no infinito de vossa fé!"
Os espíritos de todos aqueles homens, mulheres, crianças, velhos, se ergueram e rezaram junto conosco. Entoando a maior de todas as orações, nosso mantra diário, nosso mais sublime voto de fé e perseverança. Meus olhos embarcaram minha voz.
Tudo que queria era sair dali. Não por que minha tarefa estava cumprida, mas por que não fui inteligente para peregrinar por essas bandas quatro anos atrás. Nunca estive tão perto de encontrar mais alguém como hoje, mas essa chance me foi reclamada pelo tempo. Se pudesse encontrar qualquer pista de algum sobrevivente. Esses pensamentos são inuteis essa hora. Tudo que queria era me preparar para enfrentar a escuridão em Eredor.
Saímos do túnel. Mesmo com estômago amarrado e coração pesado de tanto morticínio. Me atrevi a procurar alguma pista no edifício que os dois guardas destrancaram.
Minhas últimas lágrimas verteram antes que pudesse chegar dois passos além da porta. Procurei algum sinal, alguma pista, mas meus olhos estavam completamente turvos com esse holocausto, com esse morticínio.
Peguei minha água com sal, fui arremessando sobre os corpos de modo que fossem tocados por ao menos uma gota. E que pudessem ser salvos.
Chorei em silêncio, chorei por cada um que foi massacrado naquele holocausto. Já podemos chamar esse lugar de templo da ruína, por que todos os que aqui vieram, foram consumidos.
Zóra me acompanhou e rezamos tudo que estava ao nosso alcance. Nossa ideia era dar um enterro digno a eles. Mas nosso pensamento foi interrompido por um dos guardas gritando do lado de fora:
-Senhor Tarful!! Pode vir aqui, por favor. Creio que é urgente. - bom, mas noticias não tardam em chegar. Vamos ver o que é.
Ao sair, tinham alguns clérigos, monges e paladinos de Lurcron. Vivos, em carne e osso.
-Estávamos a sua procura. Viemos conforme foi dito e previsto. Soubemos de sua vitória em Masman. Estivemos aguardando o homem da profecia que foi dito. Aquele que auxiliará o nosso Senhor a combater o que quer que apareça diante de nós. Nos escondemos muito tempo, fugimos durante muito tempo. Estivemos aguardando a sua chegada e nenhum dia foi de descanso, senhor Tarful. Temos forças aguardando ordens para serem dadas. - eles se ajoelharam em minha honra.
É estranho, nunca fui alguém importante. Sou aquele que o mar levou, sou aquele que os pais abandonaram, sou o clérigo que expulsou Nyarlathotep e sou aquele que durante anos carregou uma solidão desnecessária. Nunca procurei nos lugares certos.
Mais uma vez, as minhas lágrimas me abençoaram. Meu coração pulsava de alegria e custou-me acreditar naquilo.
Só consegui responder:
-Levem-me até seu acampamento. Precisamos nos reunir e decidir os próximos passos.
Agradeci aos guardas Uleran e Gillias. Pedi que enviassem mensagem para Dorwen.
- "Diga que encontrei os clérigos! Diga que vou para Eredor dar batalha aos inimigos da luz! Diga que iremos extrair o demônio de dentro de Fidem."
No trajeto, o clérigo armadurado se apresentou como Lotun e disse que os demais generais me aguardavam. O significado de seu nome era Luz do Mar. Ele era um humano, com espada curta e escudo redondo com arestas cortantes que eram impressionantes.
O acampamento era colossal. Barracas para todo lado. Linhas de defesa nas áreas abertas da praia. Áreas para ferreiros, construtores, cartógrafos, batedores, área para reza. A cabana principal era de destaque. No ancoradouro tinham 12 navios, maiores do que o Ventos Uivantes e tão bem feitos quanto.
O que está morto, não pode morrer, mas renasce mais forte e vigoroso! De fato!!
A medida que íamos passando, me sentia como um homem de destaque na multidão. A expressão de impressionado estava estampada na cara de Zora.
Nos conduziram até o pavilhão central onde os demais generais aguardavam.
Lotun fez as apresentações. Tínhamos três elfos.
O primeiro deles era Davian, um elfo de pele clara e cabelos negros. Trajava vestes leves, uma espada adornada e trazia um arco longo preso as costas. Ele era da família dos Fletcher e responsável pelos arqueiros.
A segunda era Aluuvial, uma bela elfa. Vestia uma armadura média, verde como as algas do mar. Trazia seus cabelos longos loiro-alaranjados em três tranças. Seus olhos eram de um verde profundo. Tinha um corpo formoso e bem delineado. Ela era conhecida como "a guerreira rebelde de Lurcron". Uma bela guerreira, forte e de olhar firme e gentil.
O terceiro tinha uma expressão mais sisuda. Um elfo grande e largo. Forte. Cabelos longos e esverdeados. Olhos dourados e pele bronzeada. Trajava uma armadura completa e um escudo romano. Aquele era Dorne, o Falange de ferro, o inderrubável.
Eu me apresentei, muito embora ainda não soubesse se era realidade ou se aquilo tudo era real. Contei brevemente sobre minha busca de encontrar outros membros da ordem, minha jornada até Masman. Apresentei Zóra a eles. Falei sobre a nossa jornada em busca de outros observatórios e templos. Mostrei a Chave Cortex para eles e essa era a nossa tarefa. Eles confirmaram que eu era aguardado. Que a profecia estava acontecendo. Expliquei da situação eminente, dos inquisidores, do ataque a Eredor.
Me questionaram sobre o próximo passo e sabendo do trabalho de Swann com as defesas, da morte de Erlaia e o avanço das forças de Merlin. Inflei meu peito com determinação e vesti minha fortaleza. Minha real fortaleza.
-Não nos esconderemos mais. Meus irmãos, é chegada a hora de mostrarmos que os filhos de Lurcron ainda vivem. De mostrar que estamos combatendo as trevas e a ruína. Levaremos a luz de Lurcron para Eredor. Lutaremos para que não caia e que nossos braços sejam a força do nosso Senhor.
Dada essa ordem, todos começaram a guardar tendas, pegaram equipamentos, guardaram cavalos, enchiam os navios com suprimentos, armas e soldados. As bandeiras de Lurcron tremulavam nos mastros. 12 navios e cerca de 5000 mil homens e mulheres da fé, avançariam rumo a batalha e rumo a era da Ruína.
Espero que eu esteja a altura do que me reservou, meu Senhor!! Espero não desapontá-lo. Espero não desapontar o seu povo. Mesmo não sabendo o que quer de mim, mesmo não entendendo a trilha que eu tenho para seguir, devo seguir meus instintos e a minha fé!!
Diario de Tarful #5 - Adrameleque à vista!
No porto mesmo, vieram as tristes notícias. Swann continuaria seu projeto de defesa da cidade junto com sua esposa nariz empinado. Zora disse que preferiria ficar e sugeri que encontrasse informações sobre membros da ordem numa biblioteca ou algo do gênero. Pelo que Swann disse a Biblioteca estava um verdadeiro caos.
Quanto a essa segunda parte, com o tempo contra nós, Swann nos deu um barco de pesca para nos levar até a Ilha. Com um navio mais forte iriamos mais rápido, mas é compreensível. Vale a pena investir naqueles que provavelmente estariam mortos? Sem nada com o que barganhar estavamos fodidos. No péssimo sentido, inclusive.
De certa forma, argumentei no Porto, que toda ajuda seria bem vinda e que seria muito bom ter mais um clérigo para enfrentar o desconhecido demônio. Perguntei se Fidem viria conosco, mesmo sob protesto de Swann, ele veio.
Mas a tolice não acabava por aí. Swann nos emprestara Charlie, um de seus oficiais marítimos, um cego. Como um cego comanda um navio?? Hehehehe. E a cereja do bolo, o brinde máximo para a glória da minha paciência, estaríamos levando o John, que afinal também estava com a mancha negra.
O navio, meio maltratado seria nossa cartada final. Um navio podre para a podridão que devorava a nossa existência. Salientei a importância da minha concentração no feitiço e a manobragem de Arslan para chegarmos em cima da hora na ilha.
Tomei a posição da Lótus do Mar, a flor de Gyrlael, esposa de Lurcron, senhora do céu e das estrelas. Senhora das névoas obscuras, caminhante das tempestades. Para começar o meu rito e minhas orações para que o trajeto fosse rápido e preciso.
Mas parece que o abismo nos atenta, no urgir da morte. John, o genial e iluminado marinheiro, se aproximou e começou a conversar comigo. Acho que ele deve ser igual as péssimas marés, quanto mais você detesta ela sempre trás corpos para a praia. Antes de dar prosseguimento ao rito, encaminhei o pobre rapaz a Baldur, que surpreendentemente sempre tem uma paciência de um pai que tem quarenta e tantos filhos.
Iniciamos os trabalhos e o curso seguia a frente a todo o vapor. Ondas perigosas surgiam, Arslan manobrou com excelência as primeiras ondas. Quando uma das maiores se aproximou, tomei consciência do que acontecia. Reiniciei a prece e ao mesmo tempo lamentei não ter abençoado a porra do navio.
Reiniciei o processo. Mas antes podia ouvir a voz do John berrando "eu sou o pinto do barco. Eu to ajudando o barco a mijar". Que porra deram pra esse rapaz. Absinto? Cindina? Bebidas magicas que piscam?
Recomeçaram as lufadas de vento, no limite da porra das velas. A magia divina vibrava por meus braços e passava acima da minha cabeça.
Não havia o que temer, aquela era a uma pequena tempestade. Aquela era uma pequena gota na infinidade do oceano de Lurcron. Da infinidade que corria dentro de minhas veias. "VÓS SOIS A MINHA TEMPESTADE E CADA OCEANO SERÁ VOSSO NO INFINITO DE VOSSA FÉ". Confesso que de toda fé, estes são os versos sagrados que me fortalecem nos momentos sombrios de minha vida.
A ilha se aproximava, mesmo sem enxergar pois estava cuidando da velocidade daquela banheira. Mas a tempestade era forte demais para um descrente como Arslan, que aportou em qualquer lugar naquela porra de ilha.
Descemos todos. Menos o cego. Se já não bastasse o rapaz pinto do barco, o Fidem ex rei e ex alce, teríamos um cego para cuidar? Não sei quem deu essa ideia, ou se Charlie optou por ficar. Encontramos uma trilha.
Antes de entrar. Pedi que todos fizessem um círculo. Todos os 5 marcados para morrer como gado. E o garoto Fidem. O jovem clérigo. Enchi meu peito de fé, estendi meu símbolo de Lurcron e abençoei todos, exceto Fidem, uma vez que todos concordaram que ele poderia dar um segundo suporte lá dentro com uma nova proteção de sua deusa Selune. Todos concordamos, incluindo o garoto.
Adentramos e toda aquela biblioteca parecia ter sido destruída em questão de dias. Um local cheio de poeira, morte e um cheiro úmido de mofo misturado com maresia.
Encontramos um clérigo, ou pelo menos ele fora um em vida, ele portava um livro. Abrimos o livro, e infelizmente ninguém, exceto John, sabia ler aquele idioma, ígneo.
Imediatamente, retornei em um flash da memória, não me recordo a minha idade, mas lembro da voz retumbante de Urlak.
-LEMBRE-SE DISSO, TARFUL. AS PESSOAS SÃO COMO AS ONDAS. NUM VAI E BEM CONSTANTE DA MARÉ DA VIDA. TODAS AS ONDAS SÃO FILHAS DE LURCRON. DESDE AS ALTAS E IMPONENTES QUE SONHAM TOCAR AS NUVENS DE GYRLAEL, ATÉ AS PEQUENAS CHEIAS DE ESPUMA QUE HÁ MUITO QUEBRARAM. TODAS CARREGAM AS GRANDES CRIATURAS E AS PEQUENAS CRIATURAS. TODAS FAZEM PARTE DA VONTADE DO SENHOR. NÃO MENOSPREZE AQUELAS ONDAS TORTAS QUE PARECEM INCONSTANTES OU INSALUBRES, POIS MESMO ALÍ HÁ UM SIGNIFICADO QUE NÃO PODE SER EXPLICADO. APENAS SENTIDO PELO MARULAR DA PRÓPRIA FÉ.
John começou a ler o livro e descobriu o nome de um demônio que se repetia. Um demônio que tinha uma forma bizarra de javali e pavão e sua irmã também perigosa. Ele falava algo sobre os dez sefirotes. Ele regente do sol e ela regente da lua. Seus nomes: Adrameleque e Anameleque.
Já sabiamos o nome dele. Agora só faltava encontrar sua forma aterradora. E tentar baní-lo. Seguimos o caminho para o salão avante na biblioteca, seguindo para o que seria o observatório.
Aquele corredor empoeirado tinha imagem dos demônios em suas formas originais. Além da imagem dos demônios, tinham desenhos infantis próximos da imagem de Adrameleque. Ao final dele tinha uma porta. Um cadáver. Um esqueleto. Outro clérigo. Segurava a porta em sinal de desespero e tinha um bilhete em suas mãos.
-Voltem agora!! Não abram essa porta em hipótese nenhuma!! Esse mal está preso e não pode ser desfeito.
Ignoramos completamente o aviso, pois nossa ampulheta da vida estava em seus grãos finais e o formigamento na mão da mancha.
A voz agora áspera e fria indagava:
-Fracassaram. Sem o cajado, vieram entregar suas almas definitivamente?
Lembrando das lições que li em alguns dos livros de demonologia, entre eles as palavras de Erculion ecoavam na memória: "O NOME DA ENTIDADE PODE OFERECER ARTIFÍCIOS PARA DESTRUÍ-LA. CONFIE NO POTENCIAL DAS PALAVRAS. FAÇA O RITUAL DE FORMA QUE O DEMÔNIO A SER BANIDO NÃO SE APROXIME DO MONGE OU AINDA QUE O DISTRAIA OU O INTERROMPA DE SUA CONTRIÇÃO PROFUNDA".
Respondi ousada e firmemente:
- A missão do cajado foi um duplo fracasso. Nem deveríamos ter ido até lá. Deveríamos ter lutado com você antes de termos ido para Masmam.
- Vocês viram o que fiz com os demais clérigos? - a voz esmoreceu e uma figura esquelética, etérea e maliciosa se contorcia no teto. Ganhando forma, jeitos, músculos e estatura. Se contorcer e caminhou pelo teto. Imediatamente se aproximou de Fidem. - Vocês serão meus de uma forma ou de outra. - deu um olhar malicioso para Fidem.
-John!! Não se afaste de mim!! - Recuamos e imediatamente lancei sobre o rapaz, uma magia de proteção mais forte, um manto que obrigaria um possível atacante a atacar não ele, mas outro indivíduo - Continue lendo!! Descubra sobre ritual, banimento ou expulsar.
Naquele meio tempo, o demonio se agigantava sobre Fidem. Mas nenhum brilho emanava de seus jovens braços - Que diabo está acontecendo, indaguei a mim mesmo. Todos tentaram atingir o Adrameleque. Inutilmente.
Em resposta, a besta riu e caçoou. Em seguida tocou Fidem em sua testa, e o garoto foi engolido pelo chão.
John estava desvendando. Precisavamos de sal, carvão e um círculo. Continuamos seguindo. Desmontamos uma tocha. Pegamos seu carvão. Baldur e eu desenhamos o círculo conforme John me mostrou. A medida que avançava fui colocando o sal abençoado em torno daquela criatura maligna.
Imediatamente comecei a rezar, o tanto de tempo que me foi permitido. Mas a criatura não esboçava reação. Ficou presa no círculo. Mas a mancha negra não sumia. Faltava algo.
Magicamente surgiu uma cabra carmesim, para o nosso desespero. A cabra era de verdade e nada extinta. Agora a questão o que precisavamos fazer? Será que os piratas estavam certos? Todos desesperados e aquele pelo vermelho de uma cabra carmesim, talvez a última da espécie. Será que eu conseguiria alcançar a cabra? Ou precisaria de uma caixa? Esse foi um dos momentos mais deploráveis na minha ignorância.
John quebrou a vergonha, o medo e o nojo, antes que fizéssemos merda.
- Nós somos o ponto do barco!!
Imediatamente, resolvemos esfaquear a cabra ao mesmo tempo. Um brilho vermelho subiu na sala. E estávamos libertos da maldição e o demônio não estava na sala. Comemoramos e soltamos a frase: NÓS SOMOS O PINTO DO BARCO. Guardei o livro igneo comigo.
Aquilo era muito incomum. Estranho, mas precisaríamos de 100 anões se fosse para abrir o chão e encontrar o garoto.
Aquele silêncio só significaria uma coisa, mas precisaríamos tentar descobrir.
INUTIL.
Minutos mais tarde. Uma forma que parecia Fidem surgiu na sala. Mais imponente, maligna e imponente. Os olhos do garoto estavam brancos. Puta merda o que fizemos? O QUE EU FIZ? LURCRON, LAMENTO MAS ME PERDI NA MINHA SOBERBA, NO MEU ORGULHO POR OSTENTAR TEUS SÍMBOLOS E CORES. NA MINHA FALTA DE VISÃO POR ACHAR QUE SERIA UM BOM EXORCISTA SÓ PORQUÊ LIMPEI MASMAN. NYARLATHOTEP FOI O PRIMEIRO RITUAL QUE FIZ SOZINHO E CONSEGUI ACIDENTALMENTE.
Tentamos acertar o novo inimigo, mas aparentemente só causariam danos ao corpo de Fidem. Redesenhamos o círculo, mas o demonio assumira forma física.
-Precisamos correr. Sobreviver e encontrar uma forma de separar Fidrm dele. O círculo não o prenderá muito tempo. - Gritei em desespero.
Corremos. O templo desabando. Rachando.
Precisavamos alcançar o barco o quanto antes.
O chão se abriu profundamente que quando John ia pular, foi capturado pelo demônio.
Prometemos resgatá-lo e fugimos.
Alcançamos o barco. Afastamo-nos da ilha o mais rápido que conseguiamos. Rumo a Eredor.
Chegamos em Eredor como se tivéssemos enterrado todas as crianças do mundo em uma cova e arremessado fogo nelas.
Para nosso azar, pouco tempo após a chegada em Eredor, avistamos um barco com o emblema de Rindalun.
Teríamos sérios problemas ali.
Dorwen desceu do barco e explicamos a narrativa completa. Ela ficou angustiada, triste e pesarosa.
-Dorwen, vamos descobrir um jeito de reaver o garoto. Acredito que tem como ser desfeito. - com a faca em nossas gargantas (a minha e de Baldur). Zora, apareceu. - Encontrei um livro que pode ter mais respostas sobre esse mistério.
Por sorte, Zóra é um homem versado em ígneo. Mas disse que só poderíamos se recuperássemos o Cajadado de Diavolo.
E no meio da tempestade, veio a calmaria, Zora me disse que encontrou relatos de membros da ordem de Lurcron na Floresta Ex-Amaldiçoada.
Pedi para Dorwen nos levar para Rindalun em seu retorno para caminharmos ao encontro do boato ou não. E verificar a existência dos sobreviventes.
Ela concordou.
"Os mares revoltos são aqueles que devem ser mais respeitados. Ele pode ser intempestivo e terrível, mas cada onda, em sua fúria, é igualmente bela e esperançosa. Lurcron tem uma resposta ao final de cada tormenta. As vezes deixe-se levar pelos mares revoltos."
Outra lição de Urlak. Poderoso e retumbante mesmo após ter sido levado pelas orcas e junto do senhor!
Dorwen era um mar revolto. Imenso, forte, imponente, belo, poderoso, raivoso, violento e terrível para aqueles que ousam ser contraventores de sua vontade. Mas também ao final, é sensível, gentil, generoso e abundante.
Espero que sua fúria se aplaque, mas é perfeitamente compreensível. Seu pai capturado por Merlin e Fidem, possuído.
Que Lurcron nos abençõe e mostre o caminho para a glória, junto a suas vastas ondas.
Para Rindalun!! Para nossos irmãos!!
Diario de Tarful #3 - As sombras de Masman
Chegamos a central dos mapas. Precisávamos daqueles números para localizar o mapa que nos levaria até a Ilha de Masman. O bibliotecário disse que nos ajudaria se pagássemos 500 moedas de ouro. Eu não tinha esse valor. Deixei claro para todos que se pudessem pagar o homem, eu devolveria o dinheiro assim que retornássemos a Rindalun. Arslan, o língua comprida disse que eu pagaria, não tomando atenção ao que havia dito, simplesmente aceitou efetuar o pagamento depois. Arslan aceitou o acordo.
Ninguém poderia prever o que aconteceria. Uma marca negra, uma pústula carnuda e negra, como uma pérola de carne amaldiçoada surgiu nas mãos dos 5 que estavam ali. Arslan, Marrok, Baldur, John e eu. Batemos as mãos três vezes (como se uma Iguana das ilhas Lynj saltasse em seu peito para arrancar parte do seu nariz), giramos e cuspimos no chão.
O bibliotecário sorriu maleficamente e nos deu um prazo de 3 dias para que retornassemos a Ilha para descobrir o que deveríamos subtrair do cofre do Banco Central. Puta merda, ninguém nunca invadiu essa merda. Confesso que já ouvi falar de uns caras que escaparam de uma prisão cavando com uma colher, sera que daria para entrar heheheheh.
Seguíamos com o vento inflando as velas e Arslan conduzindo o barco como se fosse uma pena sob as águas revoltas. Masman surgia a frente e tudo que me concentrava era em uma prece final para chegarmos em segurança. Mas parece que nem tudo que reluz é ouro. Aquele mar poderia ser chamado de Mar dos Mortos, pois as marés estavam infestadas de mortos vivos infelizes que começaram a subir no navio. Defendemos o navio o tanto quanto pudemos, atravessamos o máximo de cadáveres e ninguém foi morto. Ou pelo menos naquele momento, não sei se Arslan perdeu o controle ou se tinha um cadáver de um gigante na água, o navio virou e caímos no mar.
Acordamos na praia. Uma ilha deserta, tempestuosa e que cheirava mal. O observatório de Masman empoleirava-se imponente no alto daquele paredão. John, tentava escalar o paredão vertical. Ele caiu e se esborrachou no chão. Enquanto sua malograda escalada acontecia, encontrei energia sagrada vindo de um ponto do litoral. Mergulhei e encontrei um bolsão de ar. Baldur não sabe nadar, infelizmente. Teve de ser puxado. Ainda bem que não tinham elfos por ali, Baldur seria ridicularizado por eles. Sempre tão forte e sisudo, tendo que ser arrastado heheheh.
No bolsão de ar, havia uma escadaria. No alto um aviso "este é o caminho para aqueles que servem a Lurcron". No idioma perdido de Lurcron. Disse isso aos outros, tentei observar coisas diferentes ao que um observatório teria. Nada. Tudo parecia intacto. No alto da escada. Chegamos a uma porta de pedra. Me apresentei para a porta. Fiz um corte no dedo e coloquei meu sangue na entrada.
Uma porta mágica e enigmática. Fez me três pungentes charadas, que me deram um tanto trabalho. Pois a partir daquele momento, parecia que as Iguanas de Lynj tinham devorado não só as línguas, como os cérebros de meus companheiros hehehehehehehehe. Consegui atravessar a porta, sozinho.
Uma das coisas que logo me despertou estranhamento foi a escuridão do lugar. Mal conseguia enxergar meu bigode. Mais uma vez, uma voz ecoava e me fez um questionamento, mais uma charada. Andrômeda era a resposta certa. Uma parede se abriu e uma escada subiu para a parte mais alta do observatório.
Segui com passos firmes, porém cautelosos. Algo estava estranho. confesso que meu receio era encontrar Inquisitores ali, com lâminas afiadas e magicas, sedentas por sangue fervoroso.
Logo uma estranha voz saudou-me. Parabenizou-me por concluir as duas etapas. A voz parecia ecoar de todos os lados. Indaguei se aquele era a voz do meu Senhor. A voz imediatamente riu cheia de desdém.
- Você caiu na minha armadilha. Há anos que atraio os servos de Lurcron para tomar-lhes como meus joguetes. Você não sairá desse observatório, anão! Lurcron está morto!!
- Apareça, seu profanador imundo! Diga a quem serve! Diga quem és!
- Eu sou Nyarlathotep.
Ao ouvir seu nome, minha espinha se arrepiou e minha resposta foi rezar. Profundamente. Ecoando todo meu espírito em consonância com o mar.
-"Não temais as tempestades, pois vós sois a minha tempestade!
Os trovões que correm nas minhas veias, são os raios que formam a fibra de vossos braços!
Nevasca nenhuma barrará vossas trilhas, pois o friúme polar de vossos espíritos é imparável
O mar jamais secará, pois sua ferocidade jaz em seus corpos para toda eternidade.
Pois minha força será a tua força!
Cada oceano será vosso, no infinito de vossa fé!"
O demônio repetiu o último verso, com desdém nas palavras.
-Você não tem poder aqui! Lurcron esta morto e com ele a sua ordem.
- Eu já vi a morte, não é tão assustadora quanto dizes. - afirmei desafiadora e firmemente em resposta.
Surgiu um outro clérigo, possuído e tomado por aquele demônio poderoso. Dali emanava aquela voz. Me prostrei em posição de alerta e avancei na direção do pobre homem.
Num surto de necessidade imensa, observando aquele cenário onde as janelas do observatório estavam fechadas e nem uma gota de chuva ou de luz, ousava atravessar suas portas. Minha memória despejou na minha mente as palavras do velho monge Erculion, o maior exorcista de Lurcron, nos tempos antigos.
"Nyarlathotep é uma besta poderosa. Suas palavras tem poder nas mais sombrias das catacumbas, nas mais isoladas alcovas e nas mais silenciosas masmorras. Para enfraquecê-lo, basta levar o sol até ele, sagre o sol que brilha dentro de ti e exploda a luz do mais profundo verão no recinto que será limpo".
Clamei a Lurcron pela sua bênção. O monge tentava me acertar. Eu conseguia parar seus ataques, desviar, ou aguentava os impactos. Aqueles olhos escarlates daquele homem eram perturbadores.
Em silêncio, falei pelo pensamento, esperando que a luz do dia e a maré de Lurcron me guiasse. Imediatamente, minha tatuagem de Kraken, formigas fortemente e um raio poderoso de luz emanou no recinto.
O demônio estava sendo enfraquecido. A medida que o sal que banhava meu suor parecia vibrar como o mar. A luz emanava e o clerigo caiu no chão sem o aspecto terrível. Ele acordou se apresentou como Zóra.
Imediatamente ele gritou:
- Vamos abrir o observatório, ou ele retornará!
Tomei fôlego e alcancei uma das alavancas. Sincronia e força bastaram para encher a sala com a luz dos trovões da tempestade lá fora. A aura das trevas se dissipou e o ar ficou mais leve.
Perguntei se ele estava bem. Em seguida me contou que estava há dez anos preso ali. Desde quando recebeu o falso chamado, infelizmente. Ele me disse que o demonio queria as relíquias sagradas de Lurcron. O local estava mais depenado que bunda de bebê elfo. Hehehe.
Artefato segundo o primeiro chamado que recebi dizia ser importante para Lurcron. Zora me entregou uma chave e indicou um fundo falso de pedra no salão. Dentro havia um baú, trancado. Usei a chave e lá dentro, bela, redonda e poderosa, uma das Três chaves Cortex.
-Apesar de ter limpado o observatório, estamos presos na Ilha. Nosso barco foi destruído.
Zóra respondeu:
- Não meu amigo, por sorte temos um dos Últimos dos abençoados pelo nosso Deus. Contemple o Ventos Uivantes.
Diario de Tarful #2 - Marés Inéditas
Desde que voltamos do terceiro reino oculto, estava com meu saco cheio, de ouro, obviamente hehehe. Mas um ouro cunhado de forma que não era aceito em Namar. Não vejo por que, ouro é ouro em qualquer lugar. Bando de tolos. Desde o festival de arcanaris estava procurando um ferreiro ou local onde pudesse derreter esse ouro e transformá-lo em moeda de Namar. Aquele festival foi uma loucura, gente pra todo lado, gente fazendo muita merda, magias loucas. Esse festival foi excelente, pois foi a primeira vez que bebi uma das mais inebriantes bebidas da minha existência. Competimos eu, o Arslan e o Vivaldi. Eu e Arslan ainda ficamos de pé, desde desse dia não sei o que aconteceu com Vivaldi. Rumores dizem que ele se aliou a Merlin. Uma pena realmente, um homem espirituoso e engraçado. Que ele sobreviva a essa loucura e que possamos beber absurdamente mais uma vez. Depois que Atom nos ajudou com a namorada do Arslan. Dorwen, ele não fez nada. Ele impediu que eu disparasse uma bola de fogo na moça. E que ela restituisse o que roubou de Arslan, mas o tolo paspalhão já estava fisgado antes do que qualquer ato heroico que qualquer um pudesse implementar. Ele bêbado gritava aos sete ventos que ela era a gatuna que havia saqueado seu coração. Ou pelo menos é isso que eu me lembro heheheh. Após o retorno final do terceiro reino. Me indicaram o palácio. Pediram para eu procurar o Senhor Marco Polo, pois segundo minhas informações, poderia transformar meu ouro de forma legal, que pudesse ser usado em Namar. O homem era Marco Polo, um homem com olhar firme e expressão séria. Alto, cabelos ligeiramente grisalhos e uma sala organizada. O homem aceitou a proposta de derreter o ouro a preço de 10% do que fosse transformado. Das 352 moedas que trouxe do outro reino, conseguiria transformar em 700 moedas de Namar. Obviamente, tentarei fazer isso mais vezes heheheheh. O tal do ministro da economia, o Paulo Guedes de Rindalun como muitos o chamam, me deu um papel para assinar e me disse que minhas moedas estariam prontas em 3 dias a partir daquele. Um total de 630 moedas, será que seria possível retornar para o 3o reino e encontrar aquela maravilhosa da Mary? Em seguida fui para Lunacavas, o caos generalizado. As pessoas irritadas, insatisfeitas, irredutíveis quanto a monarquia de Fidem. O jovem garoto tem um coração bom, mas fala demais e se preocupa muito com as narrativas. Um reinado apático, sem sal, sem tempero, sem sabor. Nem parece que sangue quente de tiefling lhe corre nas veias hehehehehe. Alguns falam que sua esposa lhe pôs galhas enormes que lhe tiraram completamente os fundos e o juízo. Fidem, o rei Alce, gritou um bêbado próximo a uma taverna. Ao me reunir com os membros da Alvorada. Havia um ser pequeno, com uma voz engraçada e runas em seus braços. Seus pés tinham verdadeiros tapetes que pareciam de um macaco. Ele se apresentava como Marrok, o druida. Ele pedia ajuda para encontrarmos o templo dele, pois ele estava sendo perseguidos pelos Inquisitores. Que raios, não se pode nem sossegar um dia, se aboliram em uma rede e beber absinto até perder os sentidos?! Avançamos pela floresta, encontramos cadáveres dos soldados áureos que deram combate aos inquisidores. Utilizei uma magia para falar com os corpos. Um deles nem sabia onde tinha sido atingido, falava de vermelho e um sol esquisito. Seguimos até a entrada do templo, na porta tinha um guerreiro armadurado. Marrom enviou uma técnica mágica: chicote de cipó. Coisa desses druidas da ordem de Bulbasauro. O objetivo era neutralizá-lo, amarrá-lo e restringí-lo para obter informações. Infelizmente já era tarde para o mestre do pequenino. Depois de muito esforço, conseguimos prendê-lo. Ele revelou poucas informações. Uma delas é que Finnon, bolsas largas, agora era um deles. Minha paciência estava baixa, confesso. Longos dias de viagem fazem meus joelhos doerem. O corpo do homem não aguentou o poder de meu martelo. "Infelizmente", ele morreu. Esses malditos estão perseguindo seguidores de cultos perdidos ou menores. Não há culto perdido, pelo menos não pra mim. Lurcron é o senhor que salvou a minha vida e a ele devo a minha existência. Por mais que nunca tenha visto, posso sentir a sua presença na água do mar; no vento salgado que sopra nas praias; nas escamas do Kraken que jaz em meu braço; no meu sagrado amuleto de Coral Darun; nas nuvens de tempestade; nos relâmpagos que explodem árvores e que golpeiam meus inimigos; na nevasca profunda que mal da pra sentir o chão; todas as manhãs quando faço minha água sagrada. Sua presença é forte, imensa e sinistra. Após a morte do inquisitor nojento, uma voz surgiu das nuvens negras que se agigantavam sobre nossas cabeças e a aura vermelha da alma daquele profano maldito se encaminhava para o alto. Uma voz se dirigiu a mim. E num misto de felicidade e temor, sua voz rugia e retumbava. - Tarful!!! Venha até meu observatório em Masman. Complete a missão que lidei e ajude-me. É urgente que você vá para lá. - Irei agora mesmo para lá! - Lurcron, eu não sou digno de tua graça, senhor. Mas se confias em mim, eu sou a tua tempestade. Retornamos como um raio para Lunacavas e o céu cada vez mais negro. Orcs eram avistados entrando nos limites da cidade. A única coisa que pensei foi em arrumar um barco e pegar o melhor navegador rumo a Masman. Por sorte, Arslan estava próximo e diz ser o melhor navegador. Faltava o barco. Baldur imediatamente lembrou de John, o simplório navegador. Simplório, estou sendo extremamente gentil, pois o homem é um completo mentecapto. Mas como diria o grande profeta, todas as marés fazem parte da tempestade e do Senhor. Agradeça pelas grandes ondas e pelas pequenas marolas. Todas são o Senhor. O pequeno Marrok quis vir conosco. Mas não sabíamos a distância até Masman ou mesmo a direção. No mapa tinha um local marcado "Central dos mapas" e números. Nos dirigirmos para lá, sem saber que a ruína se agiganta por todo lugar. Sem saber que as trevas já roíam parte dos reinos. Sem saber que o friúme corroia a alma de Fidem. O que esta morto não pode morrer, mas renasce mais forte e mais vigoroso.