Viajamos por diferentes eras do Terceiro reino. Bom...Terceiro reino para os membros mais antigos da alvorada, pra mim foi o primeiro. Sem magia, muito cheiro de merda de cabra, uma voz completamente aguda (como se tivessem torcido um testículo com um alicate) e pessoas com perversidades insanas (duquesa que o diga hehehe).
Tivemos que fazer trabalhos escusos. Infiltrar em castelos dos cruzados, cobrar dinheiro de agiotas (não foi bem dinheiro que obtivemos, mas deu pra usar e escapar hehehe), se pendurar em janelas, encher meu belo moicano com vidro... odeio quando algo prejudica meu maravilhoso moicano) bater com o martelo na perna de um cavaleiro (sim era o máximo que dava pra fazer, o Arslan conseguiu distrair o safado. Escapamos com ele carregando um bebê anão com um moicano feito com gel do Vivaldi, de 57kg, enrolado em roupas femininas e um falsete de fazer inveja a qualquer bardo meia boca por aí.
Em nossa jornada, fomos pegos por uns homens que tinham um símbolo esquisito: Uma cruz com braços; Eles tinham armas a distância formidáveis (utilizam pólvora certamente).
Encontramos um homem velho, bêbado e decadente que dizia que poderia nos levar até a Ucrânia em sua máquina voadora. Certamente metade da nossa viagem foi adiantada, devidamente ao amplo uso do piloto de duas bebidas poderosas. A segunda tão poderosa que apagou um dos seres mais poderosos dos reinos. O mago Baldur. ABSINTO.
Uma pena não ter pego um pouco daquela bebida, pois o piloto ficou com medinho de uma tempestade e pulou no mar. Em uma manobra de desespero, segurei o leme daquele monstro. Esperando que poderíamos seguir pelo caminho indicado pelo Baldur, ainda bêbado.
O avião atravessou o portal e avançamos alguns anos daquele estranho reino. Com mãos para o alto e sem magia alguma, Swan foi negociar com os tais dos Russos. Eles acreditaram na história contada por Swan e confirmada por nós.
Em seguida, subimos nos "carros". E nos levaram a uma praça ampla, com soldados uniformizados e uma estrela de 5 pontas domina a praça. Há uma imagem de um homem sisudo, com cabelos grisalhos, quepe, um bigode amplo e vasto e olhar firme de poucos amigos.
Fomos conduzidos a um prédio onde fomos recebidos como agentes russos. Surpreendentemente, o homem do cartaz da praça, presidia a reunião. Ele deveria ser o chefe dos Russos. Acredito que o nome dito pelo arauto foi "Stalin".
Fomos enviados para um hotel. Misteriosamente no meio da noite, homens bateram nas portas e solicitaram a nossa presença.
Pra variar uma fuga inusitada e nada discreta da alvorada. Eram os ingleses, disseram que vieram nos resgatar. Corremos, atiramos e entramos em mais um avião. Escapamos dos russos, mas os chucrutes apareceram com seus aviões estridentes. Corremos para as torretas e disparamos. Matamos um esquadrão daqueles inúteis.
O casco surpreendentemente estava aguentando, mago Baldur foi baleado, mas ainda assim, criou um portal que nos levou para léguas dali. Estávamos sobrevoando Londres. Saltamos todos de paraquedas (outra invenção maravilhosa heheh).
Os soldados ingleses chegaram. Fomos recebidos como heróis. Mago Baldur, o anão Baldur estavam feridos. Pra não dizer que sou inocente, fingi um tiro no joelho para conhecer uma das adoráveis enfermeiras. Mary, seus olhos intensos como a tempestade jamais serão esquecidos. Seu marido é um homem de sorte.
Encontramos com os dois chefes. Um sujeito mais gordo, careca e com um charuto. Churchill. E o outro um pouco mais magro, com óculos e um nariz esquisito, Truman.
Todos os líderes Stalin, Churchill e Truman estavam buscando as ondas eletromagnéticas emitidas pelos portais. Truman disse que Baldur seria estudado pelos seus cientistas. Protestamos contra esse aprisionamento, contra essa transferência autoritária. Em vão. Baldur morreria como um rato preso na gaiola.
Precisávamos salvar Baldur por 3 motivos: 1. DORWEN. A poderosa rainha descontaram sua fúria em todos que não tentassem salva-lo. (Óbvio, pelo tanto que o Atom tem medo de sua esposa e o tanto de porrada que ela deu no Fidem, após sairmos da prisão de Hades, deixam esse temor. Apesar disso, tudo, Dorwen é uma boa pessoa). 2. O sofrimento do Baldur e a nossa provável prisão nesse mundo estranho.
Questionamos o oficial inglês. Ele nos conduziu até o aeroporto. Optamos pela infiltra
Finalmente saímos daquele reino estranho. Resgatamos o mago Baldur daquele "avião". É uma espécie de engenhoca voadora, que faz um barulho gigantesco mas tem uns armamentos, que talvez os melhores artífices de Forja do Céu saibam replicar. Nota mental para encontrá-los.
Além de Baldur, tinha um outro ser de Namar ali. Um elfo. Vários objetos de Namar. Peguei uma espada élfica. (Apesar de ser élfico, parece um trabalho interessante e bem feito. Estou entusiasmado para usar essa belezinha em batalha heheheh.)
E o motivo de número 3?
Bem... eu só quero ver o mago Baldur destroçar o Merlin. Assistindo de camarote e bebendo uns bons drinks a base de Absinto.
PS. se possível também, arrebentar o crânio daquele ser maligno.
Diário de Tarful #6 - o infinito de vossa fé
Chegamos em Rindalun após uma viagem rápida e alguns comentários inoportunos e indecorosos do príncipe. Algo sobre ordem caída e Deuses mortos. Além disso, de acordo com a lenda, Lurcron estava preso. Confesso que as calmarias do mar aberto me inspiraram a manter a serenidade naquela situação.
Conhecemos alguns membros ilustres, verdadeiros cerebros de Rindalun. O filho de Mago Baldur, Vazun, Magi-arquiologista, e o mago Vladmir.
Vazun era inteligente, curioso, polido, gentil, educado e extremamente engenhoso. O rapaz parece uma biblioteca viva e conhece muito sobre culturas antigas, relíquias e itens mágicos. Disse que em suas escavações encontrou parte de uma antiga tabuleta, que ele era incapaz de traduzir. E que por sorte, bastava procurar o melhor tradutor, em Arcanaris: O mago Vladimir.
Vladmir estava em sua sala, vociferava contra a ignorância persistente de seus inábeis estudantes. A frase quando Dorwen abriu a porta foi "se for mais alguém querendo traduzir alguma coisa, vai pro meio inferno". Olhei Zora de soslaio e engoli seco, pois a ideia era traduzir aqueles escritos de Lurcron.
O velho parecia sábio, mas farto de tanto aluno encostado e vagabundo. É um tanto direto, ríspido e rabugento. Ele auxiliou a traduzir os elementos de uma velha placa que continha inscrições em aquático antigo, tritão da segunda era. Idioma esse que já ouvi falar, mas nunca estudei.
Ele traduziu as frases, de forma brilhante e precisa, porém a tabuleta não estava completa:
"Uma derrota deve acontecer, uma decepção nunca pode acontecer em um cemitério de uma era terrena".
"Ela não desovar em ruínas abandonadas enquanto as folhas estão girando."
Em seguida, perguntou se era só aquilo e que se fosse, já poderia ir andando. Respirei fundo, agradeci e pedi orientações a Dorwen sobre o caminho para a Floresta de Rindalun. Ao sair, pude notar alguma conversa sobre magia para infiltração, portal. Talvez um resgate? Será que estariam planejando um resgate de Mago Baldur? Soube que Dorwen é uma excelente infiltradora.
Seguimos na direção da floresta, conversando sobre as nossas esperanças, sobre a profecia, sobre a era da Ruína, nosso papel nisso tudo. Apesar de tudo o que sabia, em minha jornada nesses últimos anos, a probabilidade da ordem ser mais do que eu e Zora já era excelente. Mas também ao longo dos anos, aprendi a não criar falsas esperanças. Apesar de uma pequena calmaria ser a esperança de um dia calmo, a tempestade pode apenas ter dado uma trégua, um alívio. Pois ela virá mais forte e implacável.
Zora é um clérigo espirituoso, parceiro, preciso e possui amplos conhecimentos sobre a ordem e sobre a nossa vida antes das destruições. Antes das ruínas. Apesar de sua memória estar petrificada por conta dos 10 anos que ficou sob domínio de Nyarlathotep, é honrado, generoso e inteligente.
Caminhamos em busca de um rio, pois aumentaria fortemente a possibilidade de encontrar assentamentos e ou o templo provisório da Floresta.
Cada passo em direção ao som da água, me enchia de uma esperança que a anos não sentia. Que há anos foi soterrada para meu próprio bem, como um clérigo eremita de uma ordem destruída, fragmentada e em frangalhos após misteriosas destruições e assassinatos.
O meu mosteiro não foi o único. E ao longo do tempo, toda a ordem estava vinculada a mim. É solitário e terrível, pois todo o incomensurável poder de Lurcron, jaz numa gota de fé, da minha fé. Toda a vida não seria tempo demais para viver sob seu poder e glória.
Fomos abordados por dois soldados de Rindalun. Eles patrulhavam a floresta em busca de cavaleiros arcanos, mas tudo que encontraram foram dois clérigos munidos de expectativa.
Avançamos por mais algum tempo. Escoltados pelos guardas que comentaram um pouco sobre a invasão dos cavaleiros, a maldição da floresta e a inexistência de um templo, ou pelo menos o desconhecimento mútuo deles.
Após algumas horas desde o início da Floresta. Encontramos uma construção antiga, improvisada. Um muro carcomido pelos musgos que cresciam nas entranhas rochosas. Aquele local decadente parecia estranho.
Fizemos o óbvio, batemos na porta. Ela estava completamente trancada. E se antes da batida o silêncio já era profundo, após ficou misterioso. E mais inquietante era saber que nenhum dos guardas parecia conhecer aquele lugar.
Eles me auxiliaram a subir. Cheguei ao passadiço do muro. Sobre o portão tinha um leve telhado de madeira podre. Antes de descer pelo muro, percebi que a névoa se agigantava fortemente acima da minha cabeça. Desci pela parte interna. Levantei a madeira e destranquei a porta.
Meu coração pulsava mais do que a bigorna da Forja da Tempestade, nos áureos tempos em que Lurcron forjou suas armas e protegeu seus mares.
Caminhando mais um pouco, avistamos o cadáver seco e abandonado de um monge. Suas vestes eram velhas e apodrecida pelo tempo. Trazia o símbolo sagrado de Lurcron. Ele tinha um bilhete em suas vestes, que dizia:
"14 abril de 1331 -
Recebemos vários ataques de seres que estavam vindo da floresta. Trabalhamos na construção de um abrigo, mas desde quando abrigo estava pronto, foi difícil proteger todo mundo. Nos organizamos e fizemos mudanças, adaptações para a permanência desse templo provisório."
Este merece um enterro digno no mar. Isso era muito estranho. Não vimos movimento algum, por ali. Guardei aquele bilhete. Mas haviam 3 prédios. Um deles completamente destruído, um trancado e um com a porta encostada.
Seguimos para o prédio com a porta encostada. Fui a frente com o escudo erguido, caso encontrasse algum mal.
Ao entrar, aquele cenário era um templo improvisado. Um imponente kraken olhava aqueles que entrassem na sala. Bancos enfileirados vazios e um altar com um cadáver agonizante e seco, preso a ele. Trazia vestes, livro e símbolo da ordem.
Preso em sua mão havia um bilhete. Parecia que suas últimas forças foram gastas para conservar aquele bilhete, mesmo após a morte. O bilhete dizia:
"Seres cresceram em grande número, na floresta. Eles nos atacaram. Devemos proteger aqueles que amamos, devemos proteger os fracos, os indefesos, os famintos e todos os devotos do mar. Devemos proteger cada gota de tempestade que nos foi confiada. Devemos segurar as criaturas o tanto de tempo necessário para que possamos conduzir as pessoas do túnel, até a torre que foi construída no pináculo sobre as ondas. O túnel conduze por alguns metros num corredor e no final há uma escada. Devemos proteger todos eles. As criaturas avançaram, com ousadia e seus olhos amaldiçoados. Trazem a morte dolorosa em seus espíritos. Suas caras são escuras, sombrias e negras. Possuem corpos e rostos esqueléticos. Escoltei tantos quantos pude. Mas esses malditos parecem não cansar e nem se abater, vigorosos como uma tempestade de ossos. Meu pensamento está para o altar e a figura de Nosso Senhor. Corri até aqui. Na minha falta de velocidade, um deles me acertou com algo perfurante nas costas. Espero repousar nas ondas quentes de Lurcron."
As letras no início eram vivas e precisas. Depois que o monge foi atingido, ficou rápida e um tanto confusa. Que o pobre homem repouse sob as ondas quentes do Senhor Lurcron. Também guardei aquele bilhete comigo.
Observei aquela cena deplorável. Zóra incrédulo e desolado. Era incompreensível aquela dor e sofrimento. Eu tinha que resistir. Deveria ser a fortaleza, vestir minha armadura da fé como sempre fui. Forte, intransponível e impenetrável. Ou pelo menos devo utilizar essa armadura vergastada, amassada e enferrujada, pois sempre que a usei, senti que palavra de nenhum estrangeiro, ação de nenhum iconoclasta ou mesmo o olhar de desaprovação dos incrédulos poderiam me atingir. Mas a solidão fazia seu serviço sujo, como uma cidade sob cerco que é envenenada com cadáveres em putrefação. Mais do que nunca, preciso resistir. Serei fortaleza, o tanto quanto o tempo permitir, pois sentir aquele pesar deve ser secreto. Deve ser indizível, especialmente pois Zora, ficou tanto tempo nas trevas, que talvez não saiba como esse mundo é cruel para aqueles que perdem seus irmãos. Talvez nunca teve que vestir essa mesma armadura e erguer sua fortaleza.
-Vamos achar o tal do Túnel. Seguir até a torre. É possível que alguém tenha sobrevivido. - segurando as lágrimas, falei firmemente. Menti. Menti para ele e para mim. Não ousaria admitir que o pior rondava meu coração, que a escuridão também tivesse tomado esse lugar.
Erguemo-nos. Saímos e encostamos a porta do templo. Os guardas nos informaram de uma porta no edifício que estava destruído. Olhei para Zóra e nos encaminhamos para ali. Pedi que eles tentassem abrir a porta trancada.
Conseguimos abrir a porta. Descemos a escada e estava uma escuridão profunda ali. Um corredor simples avançava até uma antessala circular. Ali tinha um clérigo em pé, em pose de defesa. Como se acabasse de trancar a porta atrás de si. E lutasse contra algo que tivesse feito o caminho que eu e Zora fazíamos agora. Sempre atento a movimentações estranhas, fomos nos aproximando daquela cena e cada vez mais um terror se agigantava em meu peito.
O monge não tinha nada escrito e estava parado em pé. Trazia seu símbolo sagrado na mão. Examinei-o para saber se tinha alguma identificação ou o local de onde esse clérigo veio.
Imediatamente, me desgarrei do tempo e assistia aos momentos que antecederam a abertura do túnel da torre, o abrigo das pessoas e a defesa do monge.
Ele dizia em estado de absoluta certeza. Em estado de força que somente homem de Lurcron possui.
- Lurcron, meu senhor!!! Sei que não sou digno de todos os seus dons e espero que me perdoe pelo meu pecado!! Vi a vossa ferocidade lá e nunca foi minha intenção manchar a tua ordem e os teus ensinamentos. Tentei proteger esses homens, o tanto quanto essa floresta maldita me permitiu. Protegerei meu povo, custe o que custar. Que guie a mim, para que a sua glória ecoe pelas ondas e nunca desapareça da eternidade. Os demônios não passarão. Se eu tiver que partir, que eu morra com a honra e paz. Jamais desistirei!!
O homem ergueu o braço esquerdo, a medida que sintonizava a tempestade dentro de si. A medida que ouvia o marular sagrado do sal que lhe corria nas veias. Em sua mão, ergueu o símbolo sagrado e iluminou a área próxima a si. E bradou heroicamente, enquanto o corredor despejava o terror escuro.
-Lurcron me proteja!! - o homem conjurou magias sagradas e luzes santas, mas parecia que seu poder não se equiparada. Era esfaqueado pelas sombras e não titubeou por um segundo. Em contrição e concentrado, manteve-se fiel aos mares e aqueles que passaram pelo túnel. Seu corpo era dilacerado lentamente por inúmeros golpes. Encheu-se de devoção, fé, honra e lágrimas. Respirou fundo e disse para si mesmo - Eu estou indo para os mares!! Que o senhor saiba que combati até o final e que se for possível, que minha lágrima ache o caminho para o mar. Que meu sal carregue minha alma até as orcas. Repousarei em seus salões, meu senhor.
Eu retornei para meu tempo, sem fôlego e incrédulo. Ele expiou. Ele agonizou. Ele morreu. Ele foi um herói. Que fique em paz guerreiro. Combateste o bom combate e tua fé lavou tua alma. Está junto do Senhor. Guardei o símbolo do sacerdote comigo.
- Vamos abrir esse túnel, Zora.
Levamos luz para o outro lado. Haviam vários cadáveres até a entrada da torre, no final do corredor.
- Por que? Por que descobrimos essa informação? Por que viemos para cá? Eles morreram antes que qualquer um pudesse tê-los encontrado, Tarful. Qual é o nosso propósito? Qual o próximo passo? - Zora estava agonizando, incrédulo e sem chão. Seus pés o traíram e suas lágrimas molharam o chão de pedra.
-Eu lamento por tudo isso. Que essas pobres almas descansem, que achem a sua paz sob as ondas. - arremessei um pouco de água sagrada de modo a alcançar todos os cadáveres. - Zora, não sei qual é o propósito de tudo isso. Não tenho palavras para consolar a tua dor, pois ela também é a minha. Acho que tudo que nos resta agora é rezar. Rezar para que todos tenham a sua paz e que se nos for permitido encontrar alguém.
Me ajoelhei ao seu lado. Despencando como se todo o peso das montanhas me caísse sobre os ombros. Já não conseguia disfarçar as lágrimas. Certa vez me disseram, que as lágrimas são partes do oceano. E que chorar é uma forma de nos consagrar a Lurcron, de reavivar os laços, de sacralizar nossos votos e relembrar da nossa tarefa. Iniciamos a oração:
-"Não temais as tempestades, pois vós sois a minha tempestade!
Os trovões que correm nas minhas veias, são os raios que formam a fibra de vossos braços!
Nevasca nenhuma barrará vossas trilhas, pois o friúme polar de vossos espíritos é imparável.
O mar jamais secará, pois sua ferocidade jaz em seus corpos para toda eternidade.
Pois minha força será a tua força!
Cada oceano será vosso, no infinito de vossa fé!"
Os espíritos de todos aqueles homens, mulheres, crianças, velhos, se ergueram e rezaram junto conosco. Entoando a maior de todas as orações, nosso mantra diário, nosso mais sublime voto de fé e perseverança. Meus olhos embarcaram minha voz.
Tudo que queria era sair dali. Não por que minha tarefa estava cumprida, mas por que não fui inteligente para peregrinar por essas bandas quatro anos atrás. Nunca estive tão perto de encontrar mais alguém como hoje, mas essa chance me foi reclamada pelo tempo. Se pudesse encontrar qualquer pista de algum sobrevivente. Esses pensamentos são inuteis essa hora. Tudo que queria era me preparar para enfrentar a escuridão em Eredor.
Saímos do túnel. Mesmo com estômago amarrado e coração pesado de tanto morticínio. Me atrevi a procurar alguma pista no edifício que os dois guardas destrancaram.
Minhas últimas lágrimas verteram antes que pudesse chegar dois passos além da porta. Procurei algum sinal, alguma pista, mas meus olhos estavam completamente turvos com esse holocausto, com esse morticínio.
Peguei minha água com sal, fui arremessando sobre os corpos de modo que fossem tocados por ao menos uma gota. E que pudessem ser salvos.
Chorei em silêncio, chorei por cada um que foi massacrado naquele holocausto. Já podemos chamar esse lugar de templo da ruína, por que todos os que aqui vieram, foram consumidos.
Zóra me acompanhou e rezamos tudo que estava ao nosso alcance. Nossa ideia era dar um enterro digno a eles. Mas nosso pensamento foi interrompido por um dos guardas gritando do lado de fora:
-Senhor Tarful!! Pode vir aqui, por favor. Creio que é urgente. - bom, mas noticias não tardam em chegar. Vamos ver o que é.
Ao sair, tinham alguns clérigos, monges e paladinos de Lurcron. Vivos, em carne e osso.
-Estávamos a sua procura. Viemos conforme foi dito e previsto. Soubemos de sua vitória em Masman. Estivemos aguardando o homem da profecia que foi dito. Aquele que auxiliará o nosso Senhor a combater o que quer que apareça diante de nós. Nos escondemos muito tempo, fugimos durante muito tempo. Estivemos aguardando a sua chegada e nenhum dia foi de descanso, senhor Tarful. Temos forças aguardando ordens para serem dadas. - eles se ajoelharam em minha honra.
É estranho, nunca fui alguém importante. Sou aquele que o mar levou, sou aquele que os pais abandonaram, sou o clérigo que expulsou Nyarlathotep e sou aquele que durante anos carregou uma solidão desnecessária. Nunca procurei nos lugares certos.
Mais uma vez, as minhas lágrimas me abençoaram. Meu coração pulsava de alegria e custou-me acreditar naquilo.
Só consegui responder:
-Levem-me até seu acampamento. Precisamos nos reunir e decidir os próximos passos.
Agradeci aos guardas Uleran e Gillias. Pedi que enviassem mensagem para Dorwen.
- "Diga que encontrei os clérigos! Diga que vou para Eredor dar batalha aos inimigos da luz! Diga que iremos extrair o demônio de dentro de Fidem."
No trajeto, o clérigo armadurado se apresentou como Lotun e disse que os demais generais me aguardavam. O significado de seu nome era Luz do Mar. Ele era um humano, com espada curta e escudo redondo com arestas cortantes que eram impressionantes.
O acampamento era colossal. Barracas para todo lado. Linhas de defesa nas áreas abertas da praia. Áreas para ferreiros, construtores, cartógrafos, batedores, área para reza. A cabana principal era de destaque. No ancoradouro tinham 12 navios, maiores do que o Ventos Uivantes e tão bem feitos quanto.
O que está morto, não pode morrer, mas renasce mais forte e vigoroso! De fato!!
A medida que íamos passando, me sentia como um homem de destaque na multidão. A expressão de impressionado estava estampada na cara de Zora.
Nos conduziram até o pavilhão central onde os demais generais aguardavam.
Lotun fez as apresentações. Tínhamos três elfos.
O primeiro deles era Davian, um elfo de pele clara e cabelos negros. Trajava vestes leves, uma espada adornada e trazia um arco longo preso as costas. Ele era da família dos Fletcher e responsável pelos arqueiros.
A segunda era Aluuvial, uma bela elfa. Vestia uma armadura média, verde como as algas do mar. Trazia seus cabelos longos loiro-alaranjados em três tranças. Seus olhos eram de um verde profundo. Tinha um corpo formoso e bem delineado. Ela era conhecida como "a guerreira rebelde de Lurcron". Uma bela guerreira, forte e de olhar firme e gentil.
O terceiro tinha uma expressão mais sisuda. Um elfo grande e largo. Forte. Cabelos longos e esverdeados. Olhos dourados e pele bronzeada. Trajava uma armadura completa e um escudo romano. Aquele era Dorne, o Falange de ferro, o inderrubável.
Eu me apresentei, muito embora ainda não soubesse se era realidade ou se aquilo tudo era real. Contei brevemente sobre minha busca de encontrar outros membros da ordem, minha jornada até Masman. Apresentei Zóra a eles. Falei sobre a nossa jornada em busca de outros observatórios e templos. Mostrei a Chave Cortex para eles e essa era a nossa tarefa. Eles confirmaram que eu era aguardado. Que a profecia estava acontecendo. Expliquei da situação eminente, dos inquisidores, do ataque a Eredor.
Me questionaram sobre o próximo passo e sabendo do trabalho de Swann com as defesas, da morte de Erlaia e o avanço das forças de Merlin. Inflei meu peito com determinação e vesti minha fortaleza. Minha real fortaleza.
-Não nos esconderemos mais. Meus irmãos, é chegada a hora de mostrarmos que os filhos de Lurcron ainda vivem. De mostrar que estamos combatendo as trevas e a ruína. Levaremos a luz de Lurcron para Eredor. Lutaremos para que não caia e que nossos braços sejam a força do nosso Senhor.
Dada essa ordem, todos começaram a guardar tendas, pegaram equipamentos, guardaram cavalos, enchiam os navios com suprimentos, armas e soldados. As bandeiras de Lurcron tremulavam nos mastros. 12 navios e cerca de 5000 mil homens e mulheres da fé, avançariam rumo a batalha e rumo a era da Ruína.
Espero que eu esteja a altura do que me reservou, meu Senhor!! Espero não desapontá-lo. Espero não desapontar o seu povo. Mesmo não sabendo o que quer de mim, mesmo não entendendo a trilha que eu tenho para seguir, devo seguir meus instintos e a minha fé!!