top of page

Dorwen Briarfell, A rainha de Rimdalun

  • Foto do escritor: Mestre
    Mestre
  • 7 de abr. de 2020
  • 36 min de leitura

Dorwen Briarfell é a atual rainha de Rimdalun e também a eleita como Briarfell escolhida, antes de carregar o seu reino e titulo Dorwen passou por muitas provações. Dorwen é filha de Delghnor Briarfell e Lorelay Liadon que governaram Rimdalun antes de Dorwen, a mesma reivindicou o titulo para si.


ree
Edição feita pela grandiosa Jogadora e mestra das edições que conduz Briarfell

Nascimento e Ascenção

Dorwen não encontrou muitas alegrias em sua jornada, diga-se de passagem, que só tristeza e melancolia, por exemplo, o fato de a mesma ser diagnosticada como a amaldiçoada que o Mago de Taurin previra entre todas as quatros crianças nascidos no dia onze de novembro. Os reis da época ficaram preocupados, pois sabiam que não era só a maldição em si que estava em jogo, mas o trono, uma vez que a mesma nascera já com o título de escolhida para futuramente levar o seu sobrenome aos noves continentes. A rejeição foi de imediato quando a diferença externa já se demonstrava nos quesitos dos olhos e cabelo de um violeta tão vivido que nem mesmo os candelabros alaranjados do palácio reluziam com tanta força. Delghnor vendo o perigo, logo criara um ódio pela própria filha que não havia nem nascido há duas horas e arrancou-lhe dos braços de Lorelay com a permissão da mesma e enrolou-a num cobertor azul claro que de uns tempos foi à cor que ele determinou para o seu reino... O violeta havia sido extinto.

O Exilio

Entre as tempestades ferozes que riscara o céu, Delghnor saíra apressado em direção a uma floresta tão escura e perigosa que nem mesmo o mais bravo guerreiro ousaria pisar naquelas bandas... A floresta que agora seria a sua morada era conhecida como Blackstar, cuja suas terras de um odor fétido e limbo de todos os lados, corvos tão negros como a noite já sentiam o cheiro de carne nova prestes a virar mais um cadáver espalhado entre os quatros cantos e sem nem cogitar a mudar de ideia, o rei de Rimdalun a deixara embaixo de um tronco de carvalho apodrecido e saíra sem olhar para trás ou ouvir o choro de Dorwen em aclamar para não ser deixada naquele lugar assustador. Horas haviam se passado e a noite só ficara mais alta juntamente com raios e trovões ensurdecedor que assustava ainda mais aquele pobre bebê que através dos olhos violetas era nítido o clarão que cortava o céu. O choro desesperado de medo, frio, fome e o sentimento de abandono parecia não chegar aos ouvidos de ninguém que não fossem animais ferozes famintos desde a ultima refeição de humanos e quando parecia ser o fim daquela criança, uma velha de aparência corcunda que andava apoiada sobre um pedaço de tronco fora atraída pelo choro infantil e quando mudou a direção de sua rota, caminhou com dificuldade até o som e quando foi se aproximando de um pedaço de pano azul com manchas pretas de corvos, tentou apressar seus passos e quando finalmente conseguira bater no chão para assustá-los, a velha de aparência horrenda e muitas feridas no rosto não estava acreditando no que havia encontrado e ao pegar no colo e levantá-la aos céus da tempestade murmurara a seguinte frase: “Enfim a nossa salvadora chegou, aquela que foi dada como amaldiçoada e abandonada como os deuses do fogo havia dito, renascera das cinzas do caos e se erguera como uma fênix preste a continuar com o legado daquela que um dia teve a vida interrompida. O violeta se encontrará com os amargos da vida, mas a sua ascensão futura será de muitas glórias. Viva a Dorwen, aquela que nomeio como a salvadora do povo deste continente que há tempos esperava pelo nascimento de sua redentora”. A velha que parecia ser sábia e saber o que estava prestes a acontecer era Bridget, uma poderosa e antiga bruxa que há séculos era procurada pela inquisição, mas que conseguira enganar a todos com suas habilidades. Essa bruxa tão poderosa era na verdade a 15° irmã do Mago de Taurin e que escutara a sua profecia durante um passeio pelo reino e dali em diante saberia que o futuro não só estava traçado como também a glorificação de um povo estava prestes a acontecer.

A sombra Além da Floresta

Os anos haviam se passado e Dorwen foi criada com amor e cuidado pela Bridget que estava a prepará-la para o seu futuro, mas com a sua idade avançada de 890 anos, a bruxa adoecera de forma repentina e quando a criança completara seus sete anos, dois dias após ela falecera, mas sem antes em deixar uma carta que contava parcialmente o que ela deveria fazer nos próximos passos... Deixando aquele passado para trás, a menina agora com o cabelo mais vivido na altura das costas, pegara sua muda de roupa e saíra sem rumo para adentrar mais fundo na floresta e começar a traçar seu caminho como um dia deveria ser. Ela sempre acreditou que a bruxa morrera de causas naturais devido à doença, todavia, após encaminhar a criança para o seu caminho, não tinha mais o porquê de ela continuar viva e os deuses do fogo encerrara o ciclo da velha.

As estações dos anos foram-se fechando e reiniciando o ciclo natural e num piscar de olhos, agora Dorwen estava com seus quinze anos e mais experiente em sua solidão que para ela era o destino cruel. Como toda elfa criada na floresta, a futura rainha aprendera tudo o que estava no alcance da velha, entre elas o poder da música quando sentir-se só bastava tocá-la que presenças elementais do fogo estariam em volta dela, porém Dorwen desacreditara nisso com a morte de sua mãe como a chamava e deixou muitos ensinamentos de lado, apenas tinha seus hábitos corriqueiros de caçar frutas, costurar nas horas de tédio e até lançar galhos pontiagudos em determinadas locações de alvo para ver se estava havendo progresso, embora acreditasse jamais ser capaz.

O inverno brusco e gélido acertara em cheio o lado obscuro da floresta e não demorou para que os alimentos estocados acabassem e a elfa ser obrigada a sair para pegá-los. O frio cortante como mil facas afiadíssimas que iam de encontro ao seu corpo mesmo coberto pelo mais grosso tecido de lã não fora o suficiente e quando se passou três dias, ela começou a piorar ao ponto de muitas vezes delirar da febre alta. Preocupada por não ter os remédios naturais que Bridget preparava, ela não aguentava mais ficar somente deitada dia e noite, noite e dia, até que numa manhã em que a neve parou de cair e agora o gramado seco estava ficando mais nítido e achando obter uma melhora interna, colocou o seu vestido vermelho de um tom sangue vivido de manga mediana e saíra para um passeio que se tornaria o pior pesadelo de sua vida... Naquela manhã a floresta estava tão misteriosamente silenciosa que nem mesmo corvos sobrevoavam pelo céu, ou se ouvia o barulho de passos dos animais entre os arbustos cobertos de neve e sangue que era comum naquela região dos felinos. Dorwen sentiu a temperatura se elevar e uma moleza acompanhada da falta de ar começou a enfraquecê-la, até que não aguentando mais aguentar o peso de seu corpo magro em pé e caíra quase que desfalecida sob o tronco de uma árvore que ela jamais se lembrava em ter avistado. A verdade é que ela pensava viver num lugar perigoso e cruel, mas a direção do leste era a pior de todos e quando a sua vista turva não enxergava nada mais do que a mera claridade do raio de sol fraco lutando para sair entre as nuvens cizentadas, uma figura de porte alto e roupas tão negras como a morte, caminhara assoviando uma trevosa melodia enquanto carregava um carneiro em seu ombro e ao avistar aquela elfa caída como se já não estivesse mais alma, se aproximava a passos rápidos e cautelosos até que largara o bicho no chão e ajoelhou-se para ver se a mesma obtinha respiração o que fora constatada tão fraca como a pulsação de seus inimigos, Radamanthos olhara com tamanha curiosidade e pegara nos braços juntamente com o carneiro e caminhou até o seu casebre medonho que nem mesmo animais tinham coragem de passar perto. Ao adentrar no local e com o aceno de sua mão as luzes fracas acenderam rapidamente e não tardou em colocar sobre a cama com cobertores para aquecê-la e foi ver o que poderia fazer com as ervas misteriosas que cultivava no quintal cheio de crânio para curála. Como em sentido de perigo, o corpo de Dorwen reagira da forma mais lenta para que o inimigo previsse a sua morte e partisse para longe dela, mas algo com esse homem era diferente como se soubesse ao fim do que se tratava e com ramos de valeriana do mais curioso líquido tão arroxeado como o cabelo dela, sem forças para manter os olhos abertos ou reagir como se estivesse paralisadas, Radamanthos tinha que fazer o esforço em abrir a boca da mesma e colocar o líquido forçado que no prazo de 12 horas começaria a fazer o efeito e assim foi feito e ao sentir a brisa adentrar da janela negra e bater em seu rosto, a elfa despertou aos poucos até que a consciência estivesse totalmente firme, porém ela achou estranha a aparência daquele lugar e sentiu que estava na hora de partir após uma sombra com faca parecer matar um porco selvagem que pelo seu grito de dor, assustou-se com aquilo e ousou dar o passo para sair da cena macabra que não parava de surgir cabeças empalhadas de animais e órgãos em conserva nas prateleiras e peles humanas dos mais variados tipos que forra o teto. Contudo, e de forma inexplicada, o tal homem e em minutos depois o seu algoz pela toda vida apareceu encostado na soleira da porta e com a voz do mais grave e assustador timbre chamou a atenção da mesma que sentia o frio do medo percorrer entre a sua espinha e a queimação agora aumentara. “Onde pensa que vai, garotinha?” Dorwen que virara lentamente como se estivesse prestes a ver a pior assombração já existente, sentiu o grito entalar na garganta e a saliva descer como vários pedaços de cacos de vidros... Radamanthos não tinha apenas a voz assustadora, mas a aparência como o verdadeiro diabo camuflado na pele humana: sua feição diabólica acompanhada por cicatrizes de diferentes tamanhos e formas, o seu cabelo de um tom prateado até a altura do ombro parecia um complemento da monstruosidade em evidência. A elfa nada conseguira formular a não ser gaguejar palavras sem nexo enquanto mantinha-se paralisada no lugar. “Não acha perigoso andar sozinha por esses lados perigosos e cobertos por criaturas das mais venenosas espécies?” Ele caminhava a passos curtos na direção da Dorwen que por mais força que fazia o medo a paralisava no lugar e tudo o que ela disse foi: “Pe-perigoso? A-acho que sim, m-mas estou de saída e agradeço a hospitalidade e por ter cuidado de mim”. Com muito esforço a elfa dera seus primeiros passos para trás em direção à porta e quando se virou para abri-la, o horrendo homem sorrira silenciosamente e estalou os dedos para que as portas e janelas trancafiassem num baque assustador. “E quem disse que você sairá daqui sem me agradecer” O sorriso jocoso e maléfico crispado nos lábios finos e cheio de cicatrizes caminhava mais rápido na direção da mesma que parecia se assustar com as ações dele e não entendia o que ele queria dizer com aquilo e tentava forçar ainda mais a porta que parecia estar bloqueada por uma força desconhecida e quando pensara em correr, Radamanthos agarrou-lhe pelo cabelo comprido e arrastou-lhe até um quarto tão escuro como a sala de rituais... O quarto que era dele... Jogando-a bruscamente sob a cama manchada de sangue seco entre as madeiras e ele apenas gargalhava do desespero da jovem que pensava ser apenas um pesadelo e quando acordasse estaria na sua casa e deitada na sua cama como de costume e enquanto murmurava em tom baixo, o diabo apenas negava com a cabeça enquanto ria. “Não adianta rezar, garotinha, agora eu sou o seu pesadelo para sempre! Quem entrar no meu caminho, jamais sairá vivo e apesar de querer matá-la rapidamente, mas você é tão adorável e bela que agora será o meu brinquedinho de diversão”. O toque gélido e asqueroso dos toques dele causava não só medo como repugnância e mesmo ela se debatendo para impedir que o pior acontecesse a sua força e luta era inválida comparada ao tamanho e força dele que parecia segurá-la pelo pescoço com uma mão e quando sentiu o seu vestido sendo rasgado e arrancado como um mero trapo, ela gritava em plenos pulmões por ajuda, mas ninguém pudera ouvir e ele apenas ria descaradamente da sua cara e imaginando que essa seria mais uma morta... Inocente... Mal sabia ele que a escolhida pelos deuses do fogo, a fênix de todas e a dragão adormecida não seria tão fácil de matar e que ela seria o seu maior pesadelo anos mais tarde. “Pode gritar, fazer o que quiser, mas nada adiantará, ninguém ouvirá e quando menos esperar, minha presa será”. Dizia de uma forma debochada enquanto era estapeado no rosto e arranhado para tentar contê-lo, mas fora em vão e sem nem dar chance para a pobre garota, Radamanthos a invadiu-a sem delicadeza alguma e contra a sua vontade, onde os gritos não só de dor como também de sofrimento era ardente e assustador e não a poupou das marcas e movimentos sem escrúpulos que parecia não ter mais fim. As lágrimas salgadas que caiam dos olhos violetas e escorriam como um peso que até mesmo o céu parecia trovejar com isso. Ele sugava as lágrimas como se fosse o seu troféu e quando as badaladas do relógio pareciam ter paralisado em sua contagem, Dorwen só desejava a morte e nada mais disso e com a sua vista ficando novamente turva, a última coisa que se lembrara de ver é aquele diabo em cima de seu corpo magro enquanto parecia estar se satisfazendo com a maldade cometida. Os braços se soltaram e caíram como peso na cama e mesmo assim Radamanthos não parava o ato até ter certeza que ela estaria morta de fato e quando finalmente o ápice chegou a vestiu e jogou-a como um pedaço de lixo na divisa que leopardos famintos pudessem ter a sua refeição... Mas, o que ele não imaginava é que a menina dada como morta acordará de seu pesadelo real e sentindo uma dor tão forte e descomunal em seu corpo que continha os hematomas de um roxo tão escuro que muitas vezes pareciam brilhar e Dorwen soltou um grito tão forte e raivoso que um dragão em chamas brilhou em suas costas sem que percebesse e prometeu dali em diante jamais derramar uma lágrima sequer, e com o pouco de força que lhe restava, levantou cambaleando e caminhou de uma forma estranha até a sua casa que ao avistá-la, a elfa caiu no chão sem forças e quando parecia apagar novamente, uma voz suave ecoou na sua mente. “Não desista, minha filha. Você é a Dorwen, a guerreira de todos que nem mesmo a mais dor dilacerante será capaz de vencê-la! A filha do dragão jamais deixa o medo passar por cima. Lute, você consegue!”. As palavras de Bridget foram como um tônico para ela que socou o chão e levantou com raiva e manteve-se em pé com a determinação de jamais cair. A vingança com Radamanthos só estava começando e em breve ele conheceria a fúria de Dorwen... A Briarfell que seria o seu algoz em muitos momentos. A Ascenção Do Dragão Violeta Cinco semanas havia se passaram desde o pior acontecimento já existente de sua vida e mesmo não querendo nunca mais se levantar e permanecer na escuridão até que a morte viesse lhe buscar, Dorwen passou dia após dia deitada em posição fetal num canto minúsculo da pequena casa de madeira com o sentimento de sujeira e repugnância que nem mesmo tomando cinco, dez, quinze ou vinte banhos por dia diminuía aquele sentimento tão desprezível. A neblina gélida que pousava entre as regiões pantanosos daquele lugar agora parecia ter ganhado a cor de morte com feições daquele rosto que jamais esquecera e isso fora um dos motivos de jamais querer sair de dentro da casa, pois por mais assustada que estivesse, ali achava ser o seu porto seguro.

A elfa entrara num modo de debilitação tão forte que desde aquele dia não se alimentou mais a não ser de água, o seu porte de um padrão já magro dos elfos, agora parecia ter definhado ainda mais, pois os ossos de suas costas estavam em evidência, seu rosto que um dia fora delicado agora estava mais profundo e nada sadio. O sorriso não existia mais na sua face e tampouco o brilho dos olhos que sempre foi uma das suas marcas. Nada poderia ser feito para apagar o ocorrido e a mesma aclamava pela morte todos os dias ou que se fosse para ela continuar viva que os deuses que um dia sua mãe disse estar ao seu lado, desse-lhe uma clareza e mostrasse o porquê de ainda estar na Terra. A resposta não demorou a chegar dois dias depois e após estranhar movimentos vindo dentro de seu ventre, assim como uma alteração em sua cintura, Dorwen entrou em desespero, pois aquilo não poderia ser possível e indagara aos deuses sobre o que ela teria feito de tão grave nessa vida para ter que passar por tudo isso e andara de um lado para o outro na busca de uma solução que pudesse resolver com a “aberração” que ela mesma nomeou e murmurou por diversas vezes em tom raivosa. Ela não entendia muito bem sobre a vida da maternidade, pois Bridget nunca foi aberta nesses assuntos pelo fato de acabar revelando mais do que deveria sobre a sua vida e assim mudando o rumo do ciclo no qual ela deveria descobrir sozinha, mas tudo o que ela realmente pensava é de jogar do mais alto precipício ao dar à luz a uma criança indesejada com aspecto tão diabólico como o daquele maldito. Os meses passavam de forma rápida e até mesmo em tempos lentos e logo os cinco meses e penúltimos de sua gestação estava se concluindo e de forma mais insatisfatória que um dia ela já vivera. Trancafiada ainda dentro do breu daquela casa, a sua sanidade também abalada estava impulsionando a cometer mutilações de cortes ora profundos, ora nem tanto sobre a barriga para ver se de alguma forma aquela criança morresse de uma vez, mas tudo o que acontecia é cicatrizar rapidamente os cortes e o bebê continuar cada dia mais forte... Nem mesmo a mais afiada lâmina de faca fora capaz de interromper aquela vida e Dorwen cada vez mais impaciente ou irritada que chegou ao ponto de esmurrar o próprio ventre com uma força que jamais pensou em possuir que uma mancha roxa se fizera no local, mas que nada pudesse atingi-lo e sim causar uma dor ainda maior nela. Todas as vezes que fechava os olhos para meditar, a elfa começava a ouvir choros infantis que a perturbava e muitas vezes visualizá-lo como dois pares de chifres e olhos avermelhados que estava prestes a atacá-la, quando a fisionomia de Radamanthos não vinha acompanhado de sua voz horrenda juntamente do choro que a deixava num modo tão desesperador ao ponto de gritar tão alto e estourar copos ou até mesmo a lâmpada que ficava centralizada no cômodo.

Enfim os longos e tortuosos sete meses havia chegado e com ele a impaciência e mais ódio acumulado dentro de seu peito que há muitos estava com um enorme buraco de gelo o qual havia petrificado seus sentimentos. Após ficar todo esse tempo trancafiada, finalmente Dorwen resolvera sair da obscuridade que assim em que teve o contato com o sol, suas vistas desacostumadas com tal claridade pareciam que entrava na orbe do fogo pela intensidade que queimava, mas isso não a fez voltar para trás e continuou com a caminhada pela sombra nebulosa a passos lentos devido a fraqueza em manter-se a mais tempo em pé e através dos troncos, ela foi se apoiando entre uns e outros até que sentira um líquido ardente escorrer ao lado e por dentro das pernas onde uma dor forte lhe atingira fazendo os pulmões bloquearem a passagem de ar por um breve momento e o seu ventre mexia-se de forma inexplicável...


A cada passo que dava enquanto segurava a barriga, era uma lágrima que escorria pela sua face com a tamanha intensidade da dor que a cada minuto aumentava ainda mais e quando não aguentava mais manter-se em pé, Dorwen se encostara-se ao primeiro tronco da árvore que parecia ser tão antigo quanto o criador daquele mundo... O tronco tão antigo que um dia ela fora deixada ali e agora o seu ciclo continuava naquele mesmo lugar... Ela renascera ali e agora uma nova vida de luz estava prestes a reinar naquele lugar. Quando se passou mais de vinte minutos entre gritos desesperados de dor e também raiva, a elfa fechara os olhos violetas por um breve momento e quando se concentrou naquela última contração que parecia ser a dor mais dilacerante, ao abri-los, o que parecia ser violetas, agora estavam tomados pelas chamas tão vividas como uma bola de fogo e soltando um último grito que fora capaz de espantar até mesmo os pássaros das árvores em cada extensão da floresta e um raio tão violeta como o seu cabelo se fez no céu e não demorando muito, um choro tão infantil e menos assustador do que parecia através de suas meditações se fizera no local... Finalmente a tal “aberração” como ela havia nomeado estava deitado no chão e chorando tanto com um dia Dorwen chorara nesta idade e ao se aproximar melhor para conhecer a criatura que já tinha um desafeto tão forte, a feição misturado com suor de dor, agora dera passagem para uma expressão tão assassina que anos depois seria a sua marca, a elfa virou para o lado e quando avistou um pedaço mediano de pedra, não ousou em pegá-lo e assim que levantou para dar um golpe certeiro no pequeno bebê que ainda estava de olhos fechados, logo abrira os mesmo e quando ia soltar a pedra, Dorwen pôde se enxergar através dos olhos tão violetas e intensos como o seu e algo dentro de si parecia ter mudado...


A criança parecia ter entrado na sua alma e deixado totalmente violeta, onde a escuridão já não pousara mais ali e quando jogou a pedra do lado oposto, a elfa pegara finalmente e pela primeira vez o bebê que apesar de ter os seus olhos, o cabelo e alguns traços era idênticos ao de Radamanthos, mas nessa hora ela pouco se importou e ao trazer para perto do seu peito, uma calmaria havia lhe atingido e quando olhou com um sorriso que pela primeira vez em meses era verdadeiro, nomeou a criança de Lorcan... Aquele que seria o responsável em carregar o significado de luz em meio às trevas e novamente dois raios violetas um enorme e outro pequeno se cruzava no céu e cairá próximo ao lado oeste da floresta que de imediato os frascos que continham corações usados em rituais se espatifara no chão e um clarão violeta era nítido através da janela. O feiticeiro que estranhou aquilo e pensou que estava sendo atacado por inimigos, pedira para que as forças malignas lhe mostrassem através do cajado feito de crânio o que estava acontecendo e quando uma neblina cinza surgiu, a imagem de Dorwen ainda viva e com uma criança no colo que tinha exatamente a cor de seu cabelo, Radamanthos ficara incrédulo em saber que ela havia sobrevivido e ainda gerado uma criança o qual não estava em seus planos. “Impossível... Não era para isso ter acontecido, era para essa maldita estar morta. Como pode? Eu vi quando seus braços caíram assim como a sua respiração já não existia”.

A surpresa com mescla de ódio na sua voz era tão nítida como o clarão de poucos minutos atrás e quando andava de um lado para o outro sem acreditar na sua sobrevivência e tentava encontrar alguma falha nisso tudo. Pegando o cajado na mão para que analisasse melhor a imagem, ele ouviu o nome do bebê e não tirava os olhos daquela criança que parecia muito com ele e negava com a cabeça tudo aquilo. “Lorcan... Lorcan Valene, o meu grande trunfo para o sucesso e poder. Aquele que carrega a junção de dois sangues fortes será a fonte de toda ascensão. Preciso ir atrás do meu filho e pegá-lo para começar o quanto antes”. A ideia um tanto cruel e macabra de se aproveitar do sangue do próprio filho para que a sua força continuasse garantida foi a carta de esperança que surgiu para o feiticeiro continuar com suas atrocidades e assim conquistar o que mais queria... O mundo em suas mãos.

Do outro lado da floresta, Dorwen parecia estar feliz novamente e jurou proteger seu filho com tanta força que novamente o dragão brilhante se fez em suas costas que voltou para a casa de madeira onde vivia e pegou apenas algumas roupas e enrolou ele no cobertor azul que um dia foi seu e decidiu sair de lá para um local mais seguro e que jamais Radamanthos soubesse da existência de ambos e caminhando para a região norte, ela se demonstrou determinada em recomeçar a vida e dentro do bosque menos assustador, mas que havia uma curiosa água mágica que brilhava, a elfa montou novamente uma casa e ali pensara que seria feliz novamente... Pensara... Enquanto isso, o feiticeiro começou a fazer buscas por todo o canto da floresta, mas nada de encontrá-los e nem mesmo mandando capangas que servia ele tinha algum resultado... É como se Dorwen havia desaparecido completamente daquele lugar e assim se estendeu por um ano de procura que nada obtinha até encontrar a casa antiga dela e alguns vestidos que o mesmo pegou e mandou seus cachorros mortos-vivos farejar o rastro dela que não foi difícil e quando se passou oito horas, latidos fortes e um cheiro de morte se aproximava da casa até que novamente ela pôde sentir a presença dele que a assustava de tal forma que não se importou dos cachorros mortos-vivos estarem vindo para cima dela, mas sim proteger Lorcan que até tirou forças para chutar um dos cachorros e saiu correndo para dentro da floresta agora iluminada e cortando entre troncos e arbustos de um único só formato, a voz tão medonha dizendo que ‘enfim havia os encontrados’ lhe dava medo que não pensava em mais nada. Quatro homens que trabalhava para ele tentou alcançá-la, mas fora em vão e logo os perderam de vista. Eles não escapariam tão facilmente como Dorwen achou e quando pensou atravessar a outra orla de árvores, Radamanthos apenas estendeu a mão direita e logo o caminho se bloqueou impedindo a passagem... Ela olhava de um lado para o outro e não havia uma abertura sequer que pudesse servir de atalho. O desespero e choro agora tomava conta dela enquanto apertava Lorcan que estava coberto contra o seu peito e dava passos para trás até que os pés descalços fossem de encontro aos troncos. A presença dele foi trazendo a morte por onde passava as flores e folhas que jaziam ali murcharam com tamanha maldade e o andar soberbo entre a túnica preta que carregava o símbolo Valene do lado direito parou de frente com ela e apenas estendeu os braços. “Entregue o meu filho agora! Não achou mesmo que poderia escapar de mim tão facilmente assim”. O sorriso em tom escárnio se fizera nos lábios, mas novamente fechara o semblante e balançou os braços para que ela entregasse o bebê que estava assustado com a gritaria. Dorwen apertava-o ainda mais e pela primeira vez enfrentou o diabo cara a cara. “Jamais! Lorcan é o meu filho e de mais ninguém! Não será você ou outra pessoa que arrancará de mim! Eu posso morrer, mas nele você jamais encostará um dedo podre sequer”.

“Você não entendeu ainda, elfinha tapada, ele é um Valene e o escolhido das forças das profundezas para governar ao meu lado, o eleito pelo Deus da Morte para mudar o mundo e trazer nas minhas mãos”.

“Só por cima do meu cadáver, maldito!”

A voz de um sonoro forte e determinado fora o suficiente para deixar o feiticeiro surpreso com a coragem e novamente raios ecoaram do céu, assim como nuvens negras se formaram entre elas... A tempestade violeta estava prestes a começar e visto aquilo como uma afronta, Radamanthos mandou os quatros homens segurar Dorwen coisa que era difícil, pois descarga elétricas emanavam de seu corpo raivoso até que ele rebateu com o cajado e bloqueando seja lá o que for a força dela e fazendo um sinal com a cabeça, dois que não haviam sidos atingidos seguravam a elfa que se debatia e com a brutalidade já conhecida do diabo a sua frente, ele arrancou sem piedade o Lorcan de seus braços que nem mesmo o choro piedoso dela foi o suficiente e ordenando para que seus capangas apagassem de uma vez por todas aquela maldita que seria a responsável por derrotá-lo quatro séculos mais tarde. Com uma pancada na cabeça e com o sangue escorrendo da mesma, a visão turva de Dorwen fora apenas o suficiente em mostrá-la que o seu filho chorava de medo e desespero enquanto esticava seu minúsculo braço para que ela o pegasse novamente e tudo o que agora seu pai fez foi virá-lo para a frente e sumiu entre as nuvens negras.

Com a chuva tão intensa e fria caindo sobre ela, a elfa foi acordando aos poucos e com uma terrível dor de cabeça causado pela pancada e quando finalmente se dera conta do que aconteceu, ela levantou ainda cambaleando e caminhou na direção que achou ter visto pela última vez e quando as esperanças pareciam diminuir com as horas se passando, no chão molhado o cobertor azul que agora era do seu filho estava caído no chão e quando pegou para sentir o cheiro único de bebê, ela se ajoelhou no chão e seu grito fora tão forte que até mesmo os noves continentes poderiam ouvir o único nome com raiva que fora dito ‘Radamanthos’.

Agora a jornada pela busca de Lorcan estava começando e saindo apenas com uma muda de roupa e disposta a encontrá-lo, a viagem pelo mundo começara em apenas algumas horas e com todo o rancor e ódio que um dia ela já sentira na vida. Pegando a faca e a capa negra, Dorwen dera a sua última olhada no espelho e ali deixava a fraca elfa de lado para o renascimento de uma forte e impiedosa jovem mulher que seria capaz de colocar em extinção um mundo inteiro para ter o seu filho nos braços de novo. Saindo sem olhar para trás, a nova jornada oculta começava, mas sem antes de levar o cobertor como a pista de encontrá-lo, assim como uma pequena carta que explicava o seu real motivo.

“Lorcan, eu não sei para onde foi, ou se ainda está vivo, mas saiba que até o último minuto eu não desisti de você e que ainda o terei em meus braços novamente, pois nenhum diabo conseguirá me enganar tão facilmente... O maior erro foi ter entrado no caminho de uma dragão e acordado a sua ira. Me aguarde que logo menos estarei seja aonde for para te salvar das mãos dele. Jamais se esqueça que eu amo muito você, o pequeno e grande brilhante raio de sol. Te amo”. A Briarfell de Puro Sangue

Muitos séculos haviam se passado, a jovem elfa já não era mais tão jovem e agora já estava com seus 480 anos... Quatro séculos haviam se passado num estalar de dedos e nesse tempo, Dorwen se preparou como ninguém para continuar com a sua jornada, dia após dia, noite após noite, anos após anos, séculos após séculos e enfim ela atingiu finalmente o que almejara. Não mais uma simples elfa ingênua e fraca e não mais uma garotinha frígida, e navegou pelos quatros cantos de Namar onde viu Reinos se erguerem e Reinos caírem. Por onde passou deixou a sua marca nos inimigos e muitas vezes colecionando suas cabeças como um troféu pela batalha vencida, assim como tranças agora em seu cabelo tão longo como um dia fora e para aqueles que um dia tiveram a sorte de serem seus aliados sempre se lembrarão da grande guerreira impiedosa. Algo a trazia de volta... Um sentimento de vingança e um dia reaver aquilo que era seu por direito. O fervor de seu sangue a guiou pelos ermos e a levou de encontro com a Irmandade da Alvorada, onde um grupo de nobres guerreiros lutava por nobres causas e ao perceberem que as convicções da Briarfell eram justas e nobres.


Voltando para Mercerys, cujo seu berço natal, a guerreira violeta estava em busca de compreender o seu passado e os motivos que levaram a acontecer um mar de caos na sua vida, lá ela encontra com um misterioso ser que se denominava como o Mago de Taurin que após enganá-la como uma missão que não existia, trancafiou lhe dentro da masmorra escura e perigosa na esperança que desta vez ela morresse e foi exatamente o oposto que aconteceu e na escuridão da antiga masmorra, Dorwen encontrou com um antigo e sábio aliado de sangue, Dazur a tempestade negra que para aqueles que muitos conhecem a família Briarfell, sabem que dragões negros tem uma ligação com eles e juntos formam uma poderosa linha de frente nas batalhas já ocorridas desde as eras primordiais.

Aquela que deveria ser a futura rainha de Rimdalun fez um acordo com o impiedoso dragão que se ele se unisse com ela e também ajudasse com a tomada de seu trono, a terra natal de sua família voltaria a ser deles e de futuros dragões negros e Dazur aceitara o acordo com apenas uma condição... Que ela o libertasse daquele lugar escuro que há tempos foi a sua casa. Feito o acordo e agora com a certeza que poderia contar com o antigo aliado, ao sair da masmorra e continuar pelas buscas de pistas na cidade, perto de uma taverna fora abordada por um rapaz de porte guerreiro e com uma expressão tão séria como o seu nome, Treanor o guardião da profecia que há muito esperava pela sua chegada e não tardou muito para que jurasse lealdade à futura rainha e presenteando-lhe com um colar em forma de sol para que as comunicações ficassem menos suspeitas sobre os passos e que era para ela encontra-lo perto de uma montanha, pois ele tinha o que seria preciso para transformar Dazur novamente num dragão Briarfell... A pedra da aliança que deveria ser entregue para ele, cujo uma parte de seu pai que ele deveria aceitar de bom grado para que esse pacto fosse novamente ligado.

E como parte do combinado, Dorwen foi juntamente de Treanor para o encontro com o dragão e chegando lá lhe entregou a pedra para que enfim a aliança retornasse e Dazur aceitara. Os olhos se tornaram violetas e as chamas antes de um ácido esverdeado ganharam uma nova e mais poderosa cor violeta que nem mesmo os mais bravos dragões ousaria enfrentá-lo.

A noite havia chegado e com ela a euforia e determinação daquela que faltava apenas um passo de assumir o trono e fazer o que ela sabia de melhor... Arrancar as cabeças daqueles que eram para ser os seus pais e expor para a população Rimdulana que a nova era começaria a partir dali. Com muito esforço, planejamento e sabedoria, Dorwen obteve como aliados antigos elfos negros que viviam escondidos da cidade com medo da tirania daquele atual governo o qual deixara a massa populacional passando fome e contando com ajuda dos novos aliados da Alvorada, ela alimentou aquele povo que pareciam nem acreditar na abundância as suas frentes e como forma de agradecimento se ajoelharam perante a elfa jurando lealdade e ajuda nessa nova fase. A ordem para suas tropas e aliados era clara: ‘Sem dó ou piedade... Mate todos que se opor a minha glorificação’. Sem aviso prévio e chegando ao modo silencioso pelas sombras, os soldados aliados conseguiram derrotar a maioria dos soldados que faziam a escolta do muro principal, mas sem a ajuda de Dazur que estava demorando a chegar ficaria dificil, pois os armamentos pesados estavam começando a chegar e como um golpe surpresa, os soldados do reino começaram a ganhar vantagem, até que finalmente Dazur surgira entre as nuvens do céu a noite e jogara chamas tão violetas como seus olhos naqueles malditos que logo foi dizimada uma parte e abrindo vantagem para os portões principais do reino que Dorwen em sua linha de frente como a general principal pediu para que todos marchassem como força e fizesse o cerco do reino assim que matassem o resto da tropa e os que sobrassem prendessem que a cor violeta havia acabado de chegar.


Tudo parecia transcorrer da forma que a elfa planejara, mas de repente tropas que usavam armaduras cujo símbolo de um sol negro entre o prateado parecia estar vindo baterem de frente com os aliados que não pensaram duas vezes em derrotar os prateados e Dorwen saiu para procurar o líder daquela tropa que não duraram nem meia hora e para a sua surpresa ao olhar mais de cima... Radamanthos Valene a olhava de um jeito feroz e raivoso como se quisesse dar o bote na sua presa e novamente não acreditava que ela havia se tornado tão forte como um dia jamais pensou em vê-la e sem nem pensar duas vezes ela correu na sua direção e uma batalha entre os dois fora travada que para a soberba dele em achar que jamais perderia, Dorwen não poupava movimentos ou a morte, pois ela sentia-se assim há mais de 465 anos e num golpe certeiro que o levou ao chão, a elfa marcara a sua bochecha com a inicial D igual como um boi é marcado e antes que ela desse o golpe final, ele evaporou como um pó e dizendo que ainda não havia acabado ali e com a raiva sentindo em encontrar com ele novamente, as tropas Valene’s haviam sido dizimadas e falta um único passo para concretizar a sua chegada e quando finalmente invadira o Palácio Principal, dera de cara com os reis que ficaram perplexos em ver que a filha abandonada estava viva e prestes a derrubar o seu governo.

“Hahaha, A amaldiçoada chegou, papai. Eu sou Dorwen Briarfell, ninguém pode comigo e eu posso com tudo e com todos!”

Era nítido a mudança e o amadurecimento dela... Agora ela não tinha mais medo algum da morte ou de enfrentar o diabo e seus discípulos, ela era o próprio diabo negro e violeta que a mais de quatro séculos espalhou seu legado de batalha e a frieza incomum daquela impiedosa e cruel elfa que não poupara nem mesmo crianças quando entravam em seu caminho. Ela olhava com desdém para aqueles que um dia deveriam ser os seus pais e lhe ensinarem as lições da vida, mas tudo o que fizeram foram abandoná-la com medo de perder o trono, coisa que não adiantou muito, pois agora era isso que Dorwen faria, mas como Delghnor sempre foi uma pessoa calculista e jamais se permitira ficar abaixo de seus inimigos.

“Pode até me derrubar, matar e ficar com o trono, mas acho que tem pendências com esse garotinho, não é mesmo?”

Atrás da pilastra que enfeitava a estrutura da sala principal, Lorcan saíra de trás e com a espada já em mãos demonstrava uma feição tão assassina como a de Dorwen que não acreditava que 465 anos depois de sua longa busca por ele, indo e voltando pelos mares e terras, finalmente o seu filho estava ali, todavia o reencontro não foi da forma como imaginou e logo um duelo não tardaria em acontecer. Delghnor sabia que o ponto fraco da elfa seria o seu filho e por isso combinara com Radamanthos que se Lorcan aparecesse e matasse a própria mãe, metades do reino seriam de ambos e começou a gargalhar feito louco em ver a descrença da sua filha. Com ódio de todos, Dorwen mandou que sua tropa o prendesse e Lorelay na cela mais suja que possuía o reino e assim foi fizeram, deixando a sala somente para mãe e filho que se encaravam como verdadeiros estranhos. “Surpresa em me ver, mamãe?”

Os anos se passaram, mas o corpo de Dorwen reagira do mesmo jeito como em sua juventude e nada conseguira fazer e tampouco falar, apenas o encarava tristemente ao ver a forma em que fora educado para carregar um semblante tão medonho como o de seu pai. “Lorcan...” Foi tudo o que ela apenas murmurou com lágrimas nos olhos. “O que fizeram com você?”

“Comigo? Nada. Você não esperava que ao chegar aqui eu fosse correndo para o seus braços e dizer que eu te amo ou algo do tipo. Você não merecia nem olhar na minha cara... Abandou-me e acha que pode ter direito”. Ele estava tão indignado e raivoso que a todo o momento se movimentava de um lado para o outro e encarava Dorwen como se fosse atacá-la a qualquer momento e dizia palavras duras e até agradecia de primeiro momento por não ser parecido com ela, a não serem os olhos. “Você não sabe como é sentir-se sozinho a vida toda e ficar horas, dias e noites debruçado sobre a janela na espera de um dia voltar para me buscar e ouvir do próprio pai que fui abandonado porque nunca me amou e jamais voltaria novamente... Abandonou-me para a morte e se não fosse por ele, eu estaria enterrado há muito tempo”. E sem esperar mais, tentou dar o primeiro golpe em Dorwen que esquivara assustada e não satisfeito tentou dar mais um sem sucesso. “Como pode falar isso? Tudo o que Radamanthos lhe contou é mentira! Se estivemos separados todos esses anos foi porque ele arrancou-lhe dos meus braços ainda bebê... A única lembrança que me restou desde aquele dia foi o seu cobertor que por durante mais de 400 anos foi a única pista que pude usar para correr o mundo atrás de você. Acha mesmo que achei que esse reencontro seria um mar de rosas? Claro que não, porém não admitirei que diga tais absurdos sem saber ao menos de toda a verdade”.

“Cala a boca!” Lorcan não queria acreditar na verdade por mais que no seu interior algo lhe avisava que ela estava sendo verdadeira, contudo, ele era controlado por seu pai que rapidamente o cegou e entrou na sua mente deixando-o totalmente a mercê do poder maior e sem comentar mais nada levantou sua espada e partiu para cima da Dorwen que sempre dava um jeito de esquivar, mas fora acertada no braço, pernas, de raspão na costela e também não poderia deixar de fazer nada e partiu para cima do mesmo com muito pesar dentro do peito em atacar o próprio filho e quando acertara com as adagas mágicas e causando ferimento profundo o qual o mesmo estava ficando sem forças, ela suplicava para que ele parasse, pois não queria machucá-lo gravemente ou ser a responsável pela sua morte... Mas, nada Lorcan quis saber e ao se levantar do chão tentou dar outro golpe que foi mais rápido que ela causando um enorme corte e quando ela sentiu o sangue quente sob as mãos nada quis fazer, simplesmente largou as adagas no chão e disse que se ele quisesse matar ela tudo bem, pois não levantaria mais as armas para machucar o seu próprio filho que já estava muito ferido e quase caindo no chão. De repente, uma figura da morte entra no salão gargalhando como se estivesse vencido essa batalha... O Mago de Taurin não poupou tempo em levantar a mão na direção da Dorwen e fazendo-a flutuar enquanto era asfixiada com algo invisível.

“Vamos, Lorcan. Acabe com ela, pois você sabe o que tem que fazer”. E assim ele fez, pegou novamente a sua espada e caminhou na direção dos mesmos e quando levantou para desferir o golpe final, os olhos da Dorwen que brilhavam pelas lágrimas e pelo tom tão cintilante, assim como um dia ele invadiu a sua alma e dera o primeiro sorriso para ela, hoje a elfa quem fazia isso e tentava invadir a sua alma para que a ligação da maldade fosse desconectada pelo menos uma vez e quando a espada estava perto, a mesma fechou os olhos como aceitando o destino que parecia não querer o seu fim naquele momento e para a sua surpresa, Lorcan desferiu um golpe forte e certeiro no Mago que caíra no chão e assim soltado a elfa do ar que caiu no chão quase que sem ar. Taurin ficou tão enfurecido com o menino que lançara um feitiço tão forte que ele foi empurrado para trás quase sem vida pelos ferimentos e se arrastando, Dorwen foi até Lorcan por preocupação e olhou de um jeito assassina para o mago que gargalhava com aquilo. Ela reuniu as forças que pareciam ter esvaído, pegou as adagas e levantou ainda mancando e correu para pular atrás de suas costas e desferir o golpe mortal diante do seu pescoço que logo menos a sua cabeça faria parte da sua coleção na parede.

“O meu filho não, maldito!”

“V-você vai morrer, Briarfell!” Essas foram às últimas palavras do Mago com as mãos sobre o pescoço ensanguentado e caíra de joelhos no chão com a alma negra saindo de seu corpo como um grito sofredor de quem havia sido libertado e agora poderia encontrar a luz em algum lugar. Dorwen esgotada da batalha difícil, mas que fora um sucesso, agora era a atual Rainha de Rimdalun e novas mudanças começaria naquela mesma noite. Se rastejando até Lorcan que a respiração quase não existia, colocou sobre o seu colo e tentava-o manter acordado e gritava por ajuda até alguém aparecer. Ele apertava a mão fortemente da sua mãe como quem queria dizer que não queria morrer ali e quando Casmeros, o segundo filho de coração da Dorwen chegou e sussurrou a conjuração da cura no mesmo que parecia voltar a respirar um pouco melhor, mesmo ainda estando muito ferido, a ordem na nova rainha era levá-lo para a enfermaria e receber os cuidados necessários.

Indo para um dos enormes galpões que tinha no reino, Dorwen soubera dos dez mil escravos que serviam o Rei em condições precárias, assim como suas famílias que há tempos passavam fome. Todos ficaram calados diante a nova Rainha Briarfell imaginando que ela seria mais uma tirana como o seu pai, mas para a admiração de todos e Treanor que um dia também fora escravo, a elfa fez um discurso motivador e concedeu a tão sonhada liberdade para os idosos, jovens e crianças que acreditavam ser uma brincadeira, mas ao notar o tom sério de Dorwen em ordenar que os soldados que agora serviam-lhe derrubar os troncos e quebrar as correntes, todos gritavam de felicidade e uns abraçavam os outros. A magreza era nítida e como forma de recompensá-los, um grande e farto banquete no palacete real estavam as suas esperas e como forma de agradecimento, os mais novos adultos e jovens juraram lealdade à rainha e assim ingressando no treinamento pesado do exército real, ou Dracônitos como agora seria conhecida essa elite de impiedade e sem compaixão com o inimigo. Dazur sobrevoava enquanto soltava rajadas de fogo violeta para afirmar aos demais Rimdulanos que a nova era havia chegado e um novo recomeço os esperavam.

E como uma ultima visão de Dorwen naquela noite era de muitas pessoas fazendo dança e comemorando, escravos fazendo as rodas de dança enquanto saboreavam a comida e da sacada de onde ela observava tudo, apenas ouvira o coro “Deus salve a Rainha Briarfell!”



O SANGUE VALENE E O IMPÉRIO BRIARFELL

O tempo foi se passando e Mercerys parecia estar caminhando para uma nova luz graças aos segmentos e novos métodos de trabalho que a rainha implantara no reino e cidades, fazendoo com que a população apoiasse-a ainda mais com firmeza. Contudo, após uma de suas ultimas missões juntamente da Irmandade da Alvorada o qual precisaria juntar os fragmentos e entregar ao Mago Baldur para que ele pudesse enfim protegê-las e evitar que a maldade maior acontecesse, infelizmente Merlin, um dos maiores e perigosos magos já existentes enganou a todos ao se passar pelo antigo colega e rapidamente transformou o mundo num verdadeiro caos, onde as mais cruéis e horríveis criaturas viessem para o plano juntamente de deuses malignos e bons. Sem muita opção, a Irmandade precisou sair em missão a fim de tentar resolver as questões pendentes, não somente os reis, mas todos tiveram que deixar suas vidas de lado para focar numa única missão e ir atrás das pistas entre eles derrotar o Deus maior de toda a necromancia e maldade: Vecna.

Em missões um tanto difíceis, os nobres guerreiros viviam em batalhas com criaturas, sofrendo com traições de outros membros e até mesmo com perdas sentimentais a todos que, diga-se de passagem, um choque. Enquanto isso, a força do mau parecia estar crescendo cada vez mais, até que Radamanthos insatisfeito com os passos da sua maior inimiga resolveu se aliar com o próprio Deus Vecna e assim ganhar uma tropa de mortos-vivos bem treinados e sob a liderança do falecido Treanor que tentava conter o máximo possível a invasão, as tropas dracônitas estavam sobressaindo bem, porém como eram muitos enfim o diabo conseguira o que tanto almejara em todos esses anos... O trono de Rimdalun e com a ordem mais sem escrúpulo, mandara que matassem mulheres e crianças do reino para que não tivessem problemas futuras causando uma extinção em massa na taxa de natalidade e cada vez mais a taxa de mortalidade iria crescendo. Ao mesmo tempo em que tinha o reino sob o seu domínio, ele também fazia questão de controlar Lorcan e o machucá-lo mentalmente como forma de atingir Dorwen e estabilizá-la, mas com toda a força de uma Briarfell, a elfa enfim descobrira como acabar de uma vez com essa conexão, assim como destruí-lo e quando pedira para Baltasar, aquele que um dia o mesmo havia aprisionado para fazer coisas somente para ele, com uma pedra que ela achou, descobriu ser a sua alma e vida armazenada ali para que pudesse prolongar a sua vida do que o normal e quando ela pedira para destruir de uma só vez aquela pedra, automaticamente ele sentira do outro lado do continente que seus poderes haviam sido enfraquecidos e se tornado meramente um mortal que estava à mercê de uma morte e logo não poderia mais controlar o próprio filho e logo menos a Segunda Guerra de Rimdalun não tardaria acontecer.

Enfim o grande dia chegou juntamente com a noite mais fria e simbólica para Dorwen que libertaria novamente o seu povo das mãos daquele maldito e quando os Dracônitos foram se encontrar com a rainha e também sua general entre as montanhas juntamente de Dazur que havia dizimado mais da metade das tropas de mortos-vivos com a sua chama violeta poderosa, agora era só invadir pela lateral e espalhar o seu exército entre os quatro cantos, sendo eles incluindo o subterrâneo coisa que Radamanthos nem imaginara e com a ordem final em derrubar as muralhas para entrar, a rainha ordenara que entrassem em suas terras por direito cantando o hino de Rimdalun:

Oh Rimdalun terra da escuridão! Sob o sangue violeta reina com o dragão. Oh Rimdalun terra da escuridão! Por momentos de sombras, hoje a libertação. Oh Rimdalun terra da escuridão! Com a rainha violeta, chegou à salvação. Sob montanhas negras, Nosso guardião Dazur o guerreiro, Fogo da destruição. Sob as terras de Mercerys levanta o exercito guerreiros incansáveis servos da destruição Mercerys é nosso Território de nossa nação. Uma Vez Unidos Jamais destruídos serão! Venha Briarfell, traga o coração, o sangue de nossos inimigos hoje cai sobre o chão! Os dragões estão voltando! O fogo violeta irá reinar!

O coro forte assim como centenas de soldados marchando enquanto batia suas espadas e lanças nos escudos fizeram a roda cercando todos os inimigos e um a um foi dizimando até que liberou as passagens e Radamanthos descrente com o que seus olhos esbranquiçados estavam vendo, apertara tão forte a taça de seu vinho que rapidamente espatifou em sua mão e logo tratou de enviar mais tropas Valene’s, mas não adiantava, pois os Dracônitos estavam tão bem treinados que não sobrava um, embora uns e outros fossem mortos e quando a cidade estava quase sob o domínio da Briarfell novamente, ela chamou por Dazur que não demorou em atender seu pedido e a levou até o palácio que a grande hora havia chegado... O dia do acerto de contas que há mais de 465 anos ela esperava por esse momento e caminhando através das sombras a modo sorrateira, Dorwen passara correndo e desferira o primeiro golpe no seu algoz que sem esperar sentira o sangue quase negro como a morte escorrer de forma quente.

“Feliz em me ver novamente?” A elfa saíra das sombras gargalhando tão maleficamente como um dia ela se lembrava e com as duas adagas roxas em punho ela estava pronta para o duelo e não queria saber mais de conversa e sim matá-lo de uma vez por todas. “Maldita! Hoje eu termino o que não consegui naquela vez... Diga adeus ao seu reino, pois quando estiver morta não precisará mais dele”. Sentindo a raiva esvair, Radamanthos lançara bolas de fogo contra a elfa que parcialmente fora atingida, mas a sua esquiva e habilidade permitiu-a que apenas fagulhas lhe atingissem e quando dera outro salto com um golpe certeiro e cada vez mais o sangue escorrendo dele, a fúria tomava conta de ambos, mas nada disso importava, pois tudo o que mais desejava era acabar com ele e assim permitir que uma parte de sua vida fosse vingada de todo a maldade que um dia o infeliz cometera. O duelo estava acirrado e os minutos passou-se tão rapidamente que agora fazia quase duas horas de confronto onde os dois estavam já exaustos e machucados até que ele acertara em cheio novamente a bola de fogo na Dorwen que caíra no chão e quase não tinha forças para lutar mais e ali parecia ser o seu fim... Sim, o fim da Briarfell que erguera o seu legado, e quando ele parecia sorrir de forma jocosa a tom vitorioso, Lorcan e Casmeros eram as imagens que vinham em sua mente... Os dois filhos que precisavam dela para enfim receber o carinho e calor materno que os foram arrancados e reunindo a pouquíssima força que ainda lhe restava, Dorwen finalmente se levantara e seus olhos tão violetas como o de costume criaram brilhos assassinos enquanto encarava o deboche de seu inimigo e ao correr na sua direção e fincando a adaga mágica em seu peito. “Isso é por toda a maldade cometida a mim, e isso é pelo meu filho que você jamais encostará um dedo sequer! O seu fim acaba aqui e agora!” sem esperar por tal reação. Radamanthos caíra no chão com a mão sobre o peito e sentindo a dor e o sangue escorrer fitava com ódio a Dorwen que levantara a mão para enfim dar o golpe certeiro em sua garganta e antes de enfim morrer ele não ousou desafiá-la.


“Se eu morrer, Lorcan também morrerá! Ele é parte de mim e se eu cair ele cairá também”. Ela não quis saber e assim arrancou a cabeça do seu maior inimigo e mesmo depois de morto ela esfaqueava seu corpo sem parar como se descontasse todo o ódio acumulado e uma sensação estava libertando-a e quando gritos eram ouvidos da sala principal, Treanor e Lorcan foram ver o que estava acontecendo e quando o seu filho atravessou a porta e vira o corpo do pai caído no chão, automaticamente caíra sem vida até que Dorwen fora até ele e não acreditava no que estava acontecendo e desesperada com tudo ficava se questionando o porquê de tudo aquilo até que Treanor dizia que fazia parte da profecia, contudo poderia ser revertido e naquela mesma hora ele abdicara de sua vida para dar ela ao Lorcan que renascera e como forma de agradecimento Dorwen quis trazê-lo de volta e com a ajuda de seus ancestrais que surgiram assim que sua armadura brilhara, seu amigo voltara à vida também... Ainda não era o seu dia e nem hora de morrer.

Ainda muito machucada e quase sem vida, a elfa pegara a cabeça do demônio em forma de gente e caminhou até a sacada principal do castelo e ao chamar a atenção de todos e das tropas inimigas, mostrara a cabeça sobre a sua mão e pedira para que eles largassem suas armas, pois não tinha mais por quem lutar e ordenara que os Dracônitos vitoriosos levasse-nos presos que todos seriam executados em praça pública.

A era da rainha Briarfell começara ali após vencer duas longas batalhas e concretizar conforme havia sempre imaginado e enquanto era aplaudida em meio ao caos estabelecido ali, observava tudo com determinação e imaginando que ali era só o começo entre as mais missões que surgiriam futuramente juntamente com a Irmandade da Alvorada que passou a ser sua família onde conheceu verdadeiros amigos e agora tinha um propósito maior... Proteger seus filhos e seu povo que precisaria de muita forca. A Ascenção Briarfell não pararia por ali, pois as chamas violetas estariam sempre acesas em prol da justiça e quando menos esperar a Dorwen estará nos campos de batalha e defendendo com unhas e dentes o seu legado assim como protegendo aqueles que ela acha serem leais.



Uma nova era e recomeço só estava começando e a tempestade negra não pararia de ecoar entre os céus mais obscuro de uma noite tão extraordinária como aquela.

 
 
 

Comments


Formulário de Assinatura

©2020 por Reinos Ocultos. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page